"O que vemos é Mário Centeno a focar-se nas questões da administração pública e, aí, escusa de dar recados em público aos seus apoiantes de Governo. Pois, que falem com eles", disse Assunção Cristas, que reagia às declarações do ministro das Finanças que, em entrevista publicada hoje no jornal Público, advertiu os partidos de que "não é possível pôr em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa" da contabilização do tempo de serviço dos professores.
Os membros do Governo e parceiros podem evitar a "telenovela prévia ao Orçamento" até porque já se sabe o final, referiu Assunção Cristas, admitindo já estar "habituada" a esta “encenação”.
"Já estamos habituados a esta encenação, a este enviar de recados de um lado para o outro através da comunicação social. Tenho a certeza que, quando chegar a altura, todos votarão o Orçamento do Estado", sublinhou a líder do CDS-PP, que falava aos jornalistas no início de uma visita aos Jogos Europeus Universitários 2018, em Coimbra, à qual chegou mais de uma hora atrasada.
Para o próximo Orçamento do Estado, Assunção Cristas adiantou que gostaria de "de ouvir o ministro das Finanças a dizer isso mesmo [que o Orçamento é para todos os portugueses] e garantir, por exemplo, a revogação do adicional ao ISP [Imposto sobre os Produtos Petrolíferos] que penaliza todos os portugueses, direta ou indiretamente".
"Gostaria de ouvir o ministro Mário Centeno [dizer] que, a bem de todos os portugueses e do crescimento da nossa economia, teremos medidas de incentivo ao crescimento económico, quando estamos a ver uma desaceleração do crescimento económico e que teremos medidas para estimular o investimento, as empresas, a criação de emprego sustentado, por exemplo com uma continuidade de baixa do IRC [Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas]", acrescentou.
Na entrevista que o ministro das Finanças deu ao Público, Assunção Cristas também gostaria de ter visto Mário Centeno "assumir que se excedeu em matéria de cativações, bloqueando muitas áreas da governação, com investimento público com um corte que não tem precedentes, nem com o tempo da 'troika'".
Esse corte, alegou, vê-se "em muitas áreas, desde a ferrovia à saúde, à segurança, à educação", considerando que, na área da saúde, o Governo pode apresentar "os números que quiser, mas nunca - nem no tempo da ‘troika’ nem na ‘pré-troika’ - se usou tão pouca verba em percentagem do PIB para a saúde".
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