“Este Governo viveu durante estes anos com o benefício das taxas de juro muito baixas, essas taxas vão começar a subir. O próprio ministro reconheceu isso e reconheceu a necessidade de cautelas, mas não nos explicou em pormenor que cautelas deverão ser essas”, afirmou o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, no final de uma reunião com o titular da pasta das Finanças, Mário Centeno, na Assembleia da República, sobre as linhas gerais da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2019.
Negrão manifestou-se “satisfeito” com o cenário macroeconómico previsto pelo Governo, de redução do défice e do desemprego, mas lamentou que tenham sido dadas “poucas respostas concretas” na reunião.
Questionado sobre o sentido de voto do PSD em relação à proposta orçamental do executivo, o presidente da bancada social-democrata remeteu para a resposta que tem sido dada pelo líder do partido, Rui Rio.
“Naturalmente que não há nenhuma decisão, o presidente do PSD tem dito que uma decisão só depois de analisado o Orçamento do Estado”, afirmou.
Fernando Negrão referiu que o PSD fez, na reunião com Mário Centeno, muitas perguntas “na área da poupança”, lamentando que, também nesta matéria, o Governo tenha dado “respostas vagas”.
“O que quer dizer que tivemos uma reunião interessante, em que fizemos muitas perguntas e muitas respostas de caráter macroeconómico e poucas respostas concretas sobre realidade dos problemas”, afirmou.
Sobre o cenário macroeconómico apresentado pelo Governo, sem se referir a valores, Fernando Negrão salientou que “naturalmente a redução do défice satisfaz o PSD”, tal como a redução prevista do desemprego.
“Agora, a redução do défice é obvia e tinha de acontecer. A redução do desemprego também é uma boa medida, mas tem um problema que é a qualidade do emprego e aí achamos que o Governo não investiu aquilo que devia ter investido”, defendeu.
Questionado sobre o sentido das propostas de alteração que o PSD também já anunciou que irá apresentar ao próximo Orçamento, Negrão afirmou que só depois da entrega do documento serão decididas.
“Naturalmente que não posso ter uma ideia definitiva a seguir à reunião”, afirmou.
Por lapso, o líder parlamentar do PSD referiu por duas vezes a data de entrega do Orçamento do Estado para 2019 como sendo a 29 de outubro (e não a 15, como está previsto), dia em que arranca a discussão do documento na generalidade no parlamento.
Sobre se acredita na meta da dívida pública traçada pelo Governo, Negrão respondeu: “Acredito na meta da dívida pública na medida da redução do défice”.
O primeiro partido a reunir-se com o Governo foi o PAN e, no final, o deputado único André Silva afirmou que o ministro das Finanças lhe comunicou que prevê um crescimento de 2,2%, um desemprego de 6% e uma redução da dívida para 117% do PIB em 2019.
Já sobre o valor do défice para o próximo ano, André Silva referiu um intervalo entre zero a 0,2%.
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