Numa sessão pública sobre "Soberania e desenvolvimento, opções para um Portugal com futuro", transmitida a partir da sede do PCP através das redes sociais, Jerónimo de Sousa assinalou o "caráter limitado dos montantes" previstos pela Comissão, que ficam "aquém dos valores de referência que tinham vindo a ser sinalizados por diversas instituições".

"A questão de fundo que se coloca é a de saber quais as condicionantes e imposições que estarão associadas a estas verbas e se as mesmas continuarão amarradas aos critérios da União Europeia empurrando o País para uma espiral de endividamento, ou se vão ser canalizadas para aquilo que faz falta ao país", afirmou.

Para o líder dos comunistas, Portugal e o mundo precisam, além da "imunidade coletiva" quanto ao novo coronavírus, precisam de "criar" outros anticorpos.

"Precisa também de criar anticorpos em relação às políticas neoliberais, combater a concentração monopolista, acelerada pela crise, as regressões que a acompanham, a integração capitalista europeia que a serve, o afunilamento e subordinação do seu devir coletivo às necessidades de acumulação do grande capital, nacional e estrangeiro", disse.

"Vacina para isto pode ser mais difícil que para o coronavírus. Implica ruturas. Exige ruturas", concluiu.

Algumas dessas “ruturas” passam, defendeu, por uma valorização do “trabalho e dos trabalhadores”, pelo “reforço do Serviço Nacional de Saúde”, elogiado na resposta à crise, assim como “a generalidade dos serviços públicos”, mas também por ter um “forte setor empresarial do Estado”, incluindo a TAP.

O “controlo público do setor financeiro, da propriedade e gestão públicas do fundamental da banca, a começar pelo Novo Banco” é também defendida pelos comunistas.

Jerónimo de Sousa alertou ainda para os riscos de uma eventual segunda vaga do surto epidémico que “obriguem a reintroduzir novas restrições, na mobilidade, nos contatos, nas atividades, nomeadamente na atividade económica”.

Um cenário que, admitiu, “poderia acarretar consequências muito graves e exigiria medidas inadiáveis e enérgicas” de “requisição civil e eventual nacionalização de empresas e equipamentos privados, de controlo público do sistema financeiro, de subordinação de setores e ramos da economia ao combate do surto epidémico e à contenção da degradação económica e social”.

Além de Jerónimo de Sousa, participam neste debate por videoconferência os economistas Ricardo Paes Mamede, Ana Oliveira e Agostinho Lopes, ex-deputado, o eurodeputado João Ferreira, além de Vasco Cardoso, da Comissão Política do PCP.

A Comissão Europeia vai propor um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros para a Europa superar a crise provocada pela pandemia da covid-19, revelou hoje o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.

"A Comissão propõe um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros, além dos instrumentos comuns já lançados. Um avanço europeu para fazer face a uma crise sem precedentes", escreveu o comissário italiano na sua conta oficial na rede social Twitter.

De acordo com a agência noticiosa alemã Dpa, dois terços do montante do Fundo, ou seja 500 mil milhões de euros, serão canalizados para os Estados-membros através de subsídios a fundo perdido, e os restantes 250 mil milhões na forma de empréstimos.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Em Portugal, morreram 1.356 pessoas das 31.292 confirmadas como infetadas, e há 18.349 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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