Segundo um relatório publicado hoje, os consumidores portugueses vão pagar mais 237 milhões de euros em contas de eletricidade nos próximos dois anos devido à não proibição de lâmpadas fluorescentes na Europa este ano. Essa proibição iria também evitar o uso de mais de uma tonelada de mercúrio.
O alerta é feito em comunicado pelo Gabinete Europeu do Ambiente (European Environmental Bureau, EEB, na sigla original), que junta mais de 170 organizações ambientais da Europa, e cita um estudo de outra organização não-governamental sobre desempenho energético, CLASP, uma organização internacional criada em 1999 com sede em Washington.
No comunicado, a EEB acusa a multinacional Signify (Philips) de se apresentar como “campeão ambiental”, mas continuar a ganhar “centenas de milhões de euros” em receitas provenientes de lâmpadas nocivas para o ambiente.
Na sua página oficial, a empresa Signify, novo nome da Philips Lighting, afirma que se assume como líder mundial em iluminação e que fornece sistemas de iluminação “de alta qualidade e eficiência energética”.
No entanto, o EEB acusa a multinacional de continuar a produzir lâmpadas fluorescentes que são “altamente rentáveis” e que continuam a ser usadas em casas e empresas europeias, “apesar de normalmente utilizarem o dobro da eletricidade de alternativas LED para a mesma quantidade de luz”.
Diz a organização EEB que mais de 90% das lâmpadas fluorescentes podem ser substituídas por LED.
“A Comissão Europeia deveria, por lei, ter retirado as lâmpadas da venda já em 2018, mas não agiu, apesar de vários estudos demonstrarem que as suas próprias condições legais tinham sido cumpridas”, diz-se no comunicado hoje divulgado.
O EEB salienta que as lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio, uma poderosa neurotoxina que se pode espalhar rapidamente pelo ambiente.
“Pensa-se que mais de metade das lâmpadas de vidro se partem e libertam mercúrio durante o manuseamento inadequado de resíduos na Europa. A Organização Mundial de Saúde coloca o mercúrio entre os dez produtos químicos mais problemáticos para a saúde pública”, alerta o EEB, que frisa ainda que as lâmpadas fluorescentes deixam de funcionar duas a três vezes mais depressa do que a tecnologia LED.
Citando peritos da Comissão Europeia, a EEB refere no comunicado que, sem uma proibição, as lâmpadas fluorescentes na Europa consumirão mais de 309 terawatts-hora de eletricidade durante 15 anos, o equivalente a todo o consumo anual de eletricidade da Itália.
O EEB nota que por lei a Comissão Europeia devia ter proibido que as lojas vendessem a partir de 2018 as principais categorias de lâmpadas fluorescentes. Mas que só agiu em meados de junho deste ano, quando propôs a proibição das principais categorias daquelas lâmpadas.
A consulta pública sobre os primeiros grupos de lâmpadas termina no próximo dia 16.
Elena Lymberidi-Settimo, diretora política da EEB, diz, citada no comunicado, que a Comissão Europeia nada fez em cinco anos, permitindo que as lâmpadas continuassem no mercado, apesar de saberem os seus impactos ambientais e sanitários.
Os responsáveis europeus “desiludiram gravemente os cidadãos e o ambiente, aparentemente para favorecer os interesses empresariais”, acusa, instando a população a participar na consulta pública.
E Michael Scholand, da organização CLASP, lembra no mesmo documento que as lâmpadas fluorescentes não só aumentam as contas de energia como representam um perigo para a saúde, e que as tecnologias LED “ultrapassam de longe mesmo as mais avançadas lâmpadas fluorescentes contendo mercúrio”.
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