Apesar de o clima ser de descontração e, com a ajuda do bom tempo, os dias no Avante! terem música, cultura e muita gastronomia, a política nunca é esquecida pelos militantes do PCP que participam na rentrée comunista.

Questionados pela agência Lusa sobre aquilo que não pode ficar de fora no Orçamento do Estado para 2018 - que o PCP, juntamente com os restantes partidos de esquerda, negoceia neste momento com o Governo -, os comunistas têm a resposta pronta.

Diana Conceição, com 32 anos, é perentória ao afirmar que o Orçamento do Estado "deve continuar este caminho de reposição de salários e de pensões".

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

"O que não pode ficar de fora é um aumento das pensões generalizadas porque as pensões são incrivelmente baixas. A saúde, educação, a cultura são campos pelos quais nos devemos bater", considerou.

Já Fátima Neves, com 54 anos - e que é militante desde os 16 - não tem dúvidas que a saúde tem que ser uma prioridade, assim como "a questão dos direitos laborais e da precariedade" e o "apoio aos professores, que é uma parte muito importante da nossa população".

"Este apoio que o PCP dá no parlamento ao PS tem empurrado um pouco o PS para o lado dos trabalhadores, se não fosse isso as coisas não melhoravam", atirou.

Fátima acredita que "sem o apoio do PCP nada era conseguido" porque só com os comunistas "é que PS entra na linha" e deixou um aviso para as próximas eleições: "se o PS ganhar uma força muito grande e não precisar do PCP, isto volta ao antigamente".

Militante desde os 18 e agora com 51 anos, Clementino Pires não hesita na exigência para o orçamento: "os aumentos salariais para todos os trabalhadores porque os trabalhadores estão muito mal pagos".

O militante não esquece a saúde e o emprego e está certo que se os orçamentos melhoraram "alguma coisa foi com as propostas do PCP".

créditos: ANTÓNIO COTRIM/LUSA

"O PCP é simplesmente uma alavanca do Governo. Quem está mais a favor dos trabalhadores é o PCP porque é quem tem feito alguma coisa por quem trabalha", acrescentou.

Paulo Lopes, de 39 anos, tinha acabado de entrar na Festa do Avante! quando foi intercetado pela reportagem da agência Lusa e apesar da "euforia" em que confessava estar, não esqueceu que o "essencial é a renegociação da dívida".

"Não há possibilidade de Portugal sair do jugo em que está sem conseguir libertar-se deste peso da dívida", avisou.

Para o comunista, "um orçamento com alguma participação do PCP, mesmo que limitada, é muito melhor do que seria se não tivesse qualquer intervenção do partido".