"A mim choca-me particularmente olhar para o que está a acontecer hoje na Autoeuropa. Não me choca o direito à greve - os trabalhadores têm direito à greve e esse direito deve ser respeitado, sempre. Mas choca-me que não haja capacidade para que hoje possamos ter diálogo e uma paz social como sempre tivemos na Autoeuropa", disse Ana Catarina Mendes.
"E choca-me por duas coisas: em primeiro lugar pelo que isso possa implicar em termos de, ou deslocalização desta empresa para fora [do país] - e é fácil que o façam -, significando, um aumento exponencial do desemprego na região e, em particular, que não seja possível que os sindicatos possam dialogar com a comissão de trabalhadores e com a administração", disse à Lusa a secretária-geral adjunta do PS, à margem de uma homenagem a Mário Soares e Maria Barroso, na sede do PS em Palmela, no distrito de Setúbal.
A dirigente socialista manifestou expectativa que "na reunião prevista para a próxima semana, na nova ronda de negociações, impere o bom-senso e o diálogo para que os postos de trabalho sejam salvaguardados".
Ana Catarina Mendes lembrou ainda que a Autoeuropa é uma empresa que tem sido, desde 1997, "um dos melhores exemplos da economia, da região e do país", que representa "0,8% do PIB" e que constitui "um modelo de diálogo e de paz social".
Acompanhada pelo candidato socialista à presidência da Câmara de Palmela, Raúl Cristóvão, a secretária-geral adjunta do PS disse ainda que os candidatos e os futuros eleitos das autarquias locais têm o dever de olhar para o poder local como parceiros de desenvolvimento da região, também para dar resposta a novas questões como aquelas que agora resultam dos novos horários da Autoeuropa.
"Estamos em eleições autárquicas e o dever de quem está a combater e a travar a luta autárquica é olhar para o poder local como parceiros estratégicos do desenvolvimento da sua região. Aqui no distrito de Setúbal é essencial que o poder local mude, que as forças partidárias mudem, para que nós possamos ter aqui verdadeiras parcerias entre as autarquias, as empresas e o governo", defendeu Ana Catarina Mendes.
"Não podemos continuar de costas voltadas uns para os outros: autarquias, sociedade civil, governo, empresas, somos todos necessários para melhorar o potencial económico que tem esta região, de que Autoeuropa faz parte. Seria muito triste e desolador até para esta região que a Autoeuropa tivesse de se deslocalizar por uma guerra que, volto a dizer, é uma guerra partidária que em nada abona nem a economia nem os trabalhadores", concluiu a secretária-geral adjunta do PS.
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