“Continua tudo igual. Continuamos a explorar, com a Vodafone [Itália] qual é a situação e já pusemos os nossos advogados italianos a falar com todas as entidades nacionais, nomeadamente da concorrência, para saber o que é que se passa, porque nós não conseguimos perceber”, disse à agência Lusa o fundador e presidente da empresa de nutrição desportiva Prozis, Miguel Milhão.

A mesma informação foi avançada à Lusa pelo diretor-geral da Zumub, Urbano Veiga, segundo o qual “nada está resolvido”, continuando os técnicos informáticos da empresa a tentar ativar o ‘site’ no domínio alternativo ‘.it’, de forma a conseguir retomar as vendas em Itália enquanto o domínio principal ‘.com’ se mantém inoperacional.

Tal como a agência Lusa noticiou na passada sexta-feira, desde cerca das 20:00 de quarta-feira que as páginas de venda ‘online’ das empresas portuguesas Prozis e Zumub estão inacessíveis a partir de Itália, reportando as empresas portuguesas um prejuízo diário de milhares de euros naquele que é um dos seus principais mercados internacionais.

Conforme explicou Urbano Veiga, “os visitantes que acedem ao ‘site’ recebem uma mensagem de erro porque o DNS [do inglês ‘Domain Name System’ ou Sistema de Nomes de Domínio, que localiza e traduz os endereços dos ‘sites’ para números IP] dos respetivos domínios foi bloqueado em Itália”.

Segundo referiu, “estes bloqueios foram reportados por centenas de utilizadores italianos” e estão a ocorrer nos dois maiores operadores de serviços de internet italianos (Telecom Italia e Vodafone, que recentemente se fundiram).

“Continuamos só a ter este problema nestes operadores, que têm 70% do mercado em Itália”, corroborou o presidente da Prozis, avançando que “o CEO [presidente executivo] da Vodafone disse que realmente há um problema, mas não consegue descobrir o que é”.

De acordo com Miguel Milhão, o advogado da Prozis, que “é especialista nesta área”, afirmou já que situações semelhantes a esta de bloqueio de IP “só acontecem em situações de pedofilia ou de crime organizado”.

“Diz que nunca viu uma coisa destas”, salientou o empresário português.

Convicto de que se trata de “uma espécie de sabotagem” por parte da “concorrência italiana”, o líder da Prozis explicou que “alguém que tem a acesso à rede está ativamente a criar confusão para não ser possível aos clientes de Itália acederem ao portal” das empresas portuguesas, direcionando os respetivos DNS para o ‘local host’, ou seja, para o computador do próprio cliente, o que impede o acesso aos ‘sites’.

Em declarações à agência Lusa, o diretor-geral da Zumub disse que os técnicos informáticos da companhia apuraram que esta situação estava a afetar, além das duas empresas portuguesas, apenas mais um ‘e-commerce’ espanhol também especializado na venda de suplementos alimentares.

De acordo com Urbano Veiga, “outros grandes ‘e-commerce’ europeus de outras áreas de negócio (num conjunto de mais de 100 ‘sites’ testados) continuam a funcionar dentro da normalidade”, sendo que, “a Zumub.com não foi notificada por quaisquer autoridades italianas de que o seu sítio estivesse banido em Itália”.

Embora admita poder tratar-se de um problema técnico alheio à empresa, o diretor-geral da Zumub considera a situação “muito estranha”, já que parece afetar apenas duas empresas portuguesas e uma espanhola do mesmo setor de atividade, e destaca o forte impacto financeiro que está a ter na atividade da empresa em Itália.

Com uma faturação anual de 5,2 milhões de euros, a Zumub fatura cerca 100 mil euros por mês em Itália, que é o seu principal mercado internacional, num total de 1,2 milhões de euros/ano, e diz estar a ter um prejuízo diário na ordem dos sete mil euros com este bloqueio.

O impacto financeiro tem sido ainda maior no caso da Prozis, que fatura 200 milhões de euros/ano, dos quais 50 milhões em Itália, falando Miguel Milhão num prejuízo diário em torno dos 150 mil euros.

“Cada dia que passa é uma fortuna”, lamentou, admitindo que a posição “tão dominante” da Prozis no mercado gere inimizade e prevendo que a situação vá desembocar em “anos de processos judiciais”, dado o “nível de ilegalidade impressionante” em causa.

Quanto à probabilidade de se tratar de um problema técnico, não intencional, o presidente da Prozis diz que “seria como ganhar o Euromilhões”.