A TAP teve um prejuízo de 1.599,1 milhões de euros no ano passado, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior, segundo comunicou a empresa. O valor é superior aos 1.230,3 milhões registados em 2020, ano em surgiu a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, os mais negativos de sempre para a empresa.
Na informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a transportadora aérea nacional explica que registou custos não recorrentes de 1.024,9 milhões – por exemplo, com o encerramento das operações de manutenção no Brasil – que tiveram impacto nos resultados.
“Deve também ser destacado o impacto líquido negativo das diferenças cambiais (EUR 175,5 milhões) relacionado com a depreciação do euro face ao dólar (com um forte impacto nas rendas futuras e, portanto, sem impacto em caixa neste ano), e também a depreciação do real face ao euro”, acrescenta.
Na informação enviada à CMVM, a empresa diz ainda que as receitas operacionais atingiram os 1.388,5 milhões de euros, um aumento de 328,4 milhões (+31,0%) em comparação com as receitas operacionais de 2020.
Para além do aumento das receitas de passageiros de 218,8 milhões de euros, “este valor foi particularmente favorecido pelo aumento das receitas de carga e correio, que aumentaram 88,0% (EUR 110,5 milhões), compensando na totalidade o declínio de EUR 13,7 milhões (-20,1% YoY) das receitas de manutenção”, explica.
Num comunicado de imprensa entretanto divulgado, a empresa aponta uma “recuperação significativa do EBITDA [Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] recorrente no segundo semestre de 2021, anulando as perdas operacionais registadas durante o primeiro semestre, permitindo que o ano de 2021 fosse encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros”.
Lembra que a primeira metade de 2021 “foi marcada por severas restrições à mobilidade doméstica e internacional devido à pandemia de covid-19, levando a uma imobilização quase total dos aviões da companhia aérea durante vários meses”.
Ao longo do segundo semestre – acrescenta -, “foi-se verificando a reabertura gradual das fronteiras, apesar de dois dos principais mercados da TAP, Brasil e EUA, só terem retomado os voos internacionais com Portugal durante o último trimestre do ano”.
Em termos de liquidez, tal como no ano anterior, em 2021 a TAP refere que continuou a concentrar-se nas suas medidas de proteção de liquidez, “beneficiando dos aumentos de capital de maio e dezembro de 2021 de EUR 462 milhões e EUR 536 milhões, respetivamente (no contexto da Compensação de Danos da COVID-19 e do Auxílio à Reestruturação)”.
Acrescenta ainda que terminou o ano com 812,6 milhões de euros em caixa (+57% do que no início do ano).
Relativamente à rede, ao longo de 2021, além da reabertura de destinos que estavam fechados, a TAP lembra que lançou novos destinos, dando como exemplo Montreal, Cancun, Punta Cana, Maceió, Zagreb, Ibiza, Fuerteventura, Agadir, Oujda, Monastir e Djerba.
Recorda que a guerra na Ucrânia tem originado impactos macroeconómicos relevantes, em particular ao nível dos mercados de financiamento internacionais, nomeadamente de subida das taxas de juro, bem como do aumento do preço dos combustíveis, incluindo do jet fuel, “que registou um crescimento de mais de 30% desde o início do conflito, e de um conjunto de bens e serviços o que tem originado uma crescente inflação”.
“Adicionalmente, o conflito originou restrições de circulação do espaço aéreo próximo daquela região, restrições essas que se mantêm à data de aprovação destas demonstrações financeiras, bem como a imposição de sanções de natureza económica, financeira e outras à Federação Russa e a indivíduos associados ao regime Russo por parte da União Europeia, dos Estados Unidos e outros países, com impactos ao nível da circulação de pessoas, mercadorias e fluxos financeiros”, acrescenta.
Sublinha ainda a incerteza na duração, extensão e impacto deste conflito, assim como das respetivas sanções impostas, insistindo que é impossível prever os eventuais efeitos que dele resultem, “incluindo dos impactos na inflação e no preço dos combustíveis nos próximos meses e anos”.
Companhia quer contratar 250 tripulantes para assegurar operação no verão
A presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse hoje que a companhia aérea está a contratar cerca de 250 tripulantes de cabine, para assegurar a operação de verão, cuja época alta deverá começar no final de maio.
“Estamos a contratar cerca de 250 tripulantes, para assegurar que voamos de acordo com o planeado para o verão”, disse a responsável, na conferência de imprensa sobre os resultados da TAP em 2021, período em que apresentou um prejuízo de quase 1.600 milhões de euros.
De acordo com Ourmières-Widener, os concorrentes europeus estão a tomar as mesmas medidas para o verão, o que torna o processo de recrutamento “desafiante”, sobretudo no que diz respeito a trabalhadores para o ‘call center’ de apoio ao cliente, que a TAP também quer reforçar.
Questionada sobre a falta de pilotos, a CEO disse não ver “quaisquer números que mostrem que são precisos mais pilotos”.
PGA e UCS vão ser integradas na TAP SA para enfoque no negócio da aviação
O Grupo TAP vai iniciar nos próximos meses o processo de integrar a Portugália Airlines (PGA) e a UCS – Cuidados Integrados de Saúde na TAP, S.A., a empresa de aviação do grupo que é detida exclusivamente pelo Estado.
A notícia foi avançada hoje em conferência de imprensa com a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, e o responsável financeiro (CFO), Gonçalo Pires, sobre os resultados de 2021.
“A TAP, S.A. vai adquirir a PGA e a UCS. […] Isto faz parte da estratégia de nos focarmos no nosso ‘core-business’”, disse Gonçalo Pires.
Segundo o CFO, o processo será proposto aos acionistas na próxima assembleia-geral e deverá ter início dentro de “alguns meses”.
(Artigo atualizado às 11:54)
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