"Muitas das dificuldades que estamos a sentir no relançamento do crescimento e no comportamento a que estamos a assistir no investimento tem muito a ver com uma dose de incerteza quanto à condução das políticas no nosso país", disse Teixeira dos Santos no XII Congresso dos Revisores Oficiais de Contas.

O antigo ministro das Finanças defendeu que é preciso "sinalizar um quadro de estabilidade".

"Vamos precisar de definir um quadro de políticas a nível nacional, que seja um quadro em que os agentes económicos tenham perceção de que há uma estabilidade política, um quadro estável de políticas, nas quais os agentes económicos, famílias e empresas possam ancorar as suas expectativas", sublinhou o antigo governante, para quem estimular o investimento é essencial.

Por outro lado, referiu-se à questão europeia, e a este propósito afirmou ser também "fundamental ter um quadro europeu que apoie e incentive as economias" para levar a cabo "reformas importantes que muitas vezes são dolorosas".

Teixeira dos Santos destacou que sem instrumentos europeus de apoio a políticas europeias que promovam a convergência das economias, como a de Portugal, "vai ser muito difícil" o crescimento económico.

O ex-governante falou do crescimento "muito débil" de Portugal desde o início do século XXI, mas deixou uma palavra sobre os anos mais recentes: "Estivemos sujeitos a uma política europeia restritiva que fez com que o país tivesse a recessão mais profunda e prolongada desde os finais da II Guerra Mundial, nós nunca tivemos um período tão longo - três anos - com uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) tão acentuada".

Entre as razões, diz Teixeira dos Santos, estão fatores quer de natureza conjuntural quer estrutural, interna e externa.

"Se é preocupante, em particular nos últimos anos, essa recessão prolongada e profunda, estamos a assistir agora a uma recuperação tímida, diria hesitante até. Este ano vamos ter um crescimento abaixo dos 1,5%", afirmou.

Teixeira dos Santos considerou que "o mais preocupante no crescimento português é que não se perspetiva que o ritmo a que a economia possa crescer no médio e longo prazo seja acentuado".

"As projeções mostram uma queda do crescimento potencial da economia e não chega a uma média de 1% ao ano", disse.

A este propósito, Teixeira dos Santos sublinhou também os fatores de natureza externa, que considera não poderem ser ignorados, nomeadamente as políticas europeias restritivas que tiveram de ser seguidas durante o período do programa de ajustamento.

"Mas uma vez terminado esse programa, ainda não estamos em condições de produzir fortes estímulos de natureza orçamental à economia", afirmou.

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