
Durante uma ação de protesto dos trabalhadores dos bares dos comboios da CP, no Porto, Catarina Martins reconheceu que a contestação social é a "única forma de defender" o país.
"O programa de estabilidade que o Governo apresentou é não só o que qualquer partido da direita apresentaria como é uma verdadeira irresponsabilidade no momento de crise em que vivemos, em que falta tanto na Saúde, nas escolas, na Justiça, nos transportes, e o Governo continua a fazer de conta que vive num outro país que não este", afirmou a líder bloquista.
Para a líder bloquista, o programa apresentado pelo ministro das Finanças ao final da manhã tem três dados: "O primeiro é que a economia cresce, os preços continuam a subir, mas os salários continuam a perder poder de compra, e sobre isso não há uma única medida eficaz", apontou.
"Em segundo lugar, vemos que se mantêm exatamente as mesmas metas de défice, o que quer dizer que investimentos fundamentais na Saúde, na Educação, na Justiça, nos comboios não vão ser feitos, o que quer dizer, em terceiro lugar, que o que Fernando Medina anunciou hoje é o que qualquer ministro das Finanças da direita podia anunciar", argumentou.
Em alternativa, referiu a coordenadora do BE, o Governo devia "desde logo decidir investir fortemente nos serviços públicos que estão com dificuldades e resolver os problemas que neste momento".
"É preciso claramente aumentar os salários acima da inflação. Os salários vêm a perder poder de compra há muito tempo, se a inflação está a abrandar isso quer dizer que os preços continuam a aumentar mas mais devagar. Ou havia uma decisão clara de aumento de salários e de pensões já, ou o que estamos a dizer que o país vai continuar a empobrecer e as desigualdades vão continuar a aumentar", disse.
Catarina Martins afirmou que o Governo vive num "país absurdo" e que "é preciso um Governo que olhe para a realidade concreta de quem trabalha, de quem constrói o pais e que de respostas e essas respostas são investimento na saúde, na habitação, nos transportes, onde é necessário e aumento de salários, controlo de preços".
Questionada sobre se a contestação social é a única forma de luta, Catarina Martins admitiu que sim: "O que é que as pessoas hão de fazer? O salário não chega até ao fim do mês e o Governo não faz nada (...) A única forma de defender o pais neste momento é a contestação social pelo que é concreto, pelo salário, pela habitação, pela justiça", disse.
Sobre o protesto dos trabalhadores dos bares da CP, que estão há três meses sem receber salário, Catarina Martins acusou o Governo de não cumprir a lei.
"Hoje estava marcada uma reunião na CP que podia ter resolvido o problema, a reunião foi cancelada. A Autoridade para das Condições do Trabalho está a agir, o Governo não está a cumpri a lei e é preciso que toda a gente saiba que há 130 trabalhadores de salário mínimo há três meses sem salário porque o Governo não cumpre a lei, a lei obriga o Governo a pagar os salários a estes trabalhadores", disse.
JCR // JPS
Lusa/Fim
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