"Entendemos que os desafios atuais, derivados do comércio eletrónico, exigem que haja uma articulação muito mais premente entre os Correios, enquanto operador designado do Estado, com a polícia científica, essencialmente na prevenção", afirmou, na cidade da Praia, o presidente dos CCV, Isidoro Gomes, após um encontro de trabalho com a diretora nacional da Polícia Judiciária, Ivanilda Mascarenhas.

Durante o encontro, as duas instituições abordaram a colaboração institucional, a integridade das operações dos Correios, ferramentas tecnológicas, securitização das transações, mas também os desafios da segurança e da inviolabilidade das correspondências.

Sem entrar em detalhes sobre números em Cabo Verde, o presidente dos CCV disse que a nível global há encomendas violadas, com os Estados Unidos da América a liderarem as estatísticas, pelo que a instituição está a fazer um conjunto de investimentos para prevenir e evitar que isso aconteça.

"São investimentos em videovigilância, formação de colaboradores, equipamentos, veículos para facilitar a segurança do transporte, parcerias inteligentes com as outras entidades que funcionam nesta cadeia dos correios", apontou o líder de instituição, com mais de 160 anos, que faz parte do sistema de segurança nacional e que detém a maior rede de distribuição física de correspondência e mercadoria no país.

Neste sentido, disse que é necessária uma "articulação forte" entre todos esses atores da indústria postal, desde os serviços de suporte em terra aos transportes marítimos e aéreos.

"Quando damos saltos do ponto de vista qualitativo e quantitativo, surgem novos fenómenos, essencialmente no concernente à segurança, e nós queremos, com esta nova relação com a polícia científica, dar aqui uma garantia aos cidadãos, aos nossos clientes, que podem utilizar tranquilamente os Correios, quer na vertente financeira, quer na vertente de transporte de objetos", afiançou.

Segundo Isidoro Gomes, do encontro saiu o compromisso de os Correios fazerem parte de uma equipa, juntamente com as alfândegas, e liderada pelos Estados Unidos, para atuar no reforço da segurança nacional, na prevenção da entrada de materiais não autorizados no país e no que diz respeito à lavagem de capitais.

Também avançou que saiu do encontro o compromisso de os Correios começarem a partilhar os seus sistemas de informação com a PJ, no que concerne ao envio de dados eletrónicos prévios, ou seja, no que entra e sai do país, no quadro de um projeto do Sistema da União Postal Universal, que já funciona com as Alfândegas.

"Precisamente para terem dados e fazerem a análise prévia desses dados e poderem atuar preventivamente antes que as coisas acontecem", afirmou Gomes, referindo que a instituição que dirige tem um conjunto de investimentos previstos, com destaque para a digitalização.

E isso, prosseguiu, vai aumentar as transações entre as ilhas e com o estrangeiro. "Naturalmente, tem desafios de segurança e nós queremos contar com polícia científica e manifestaram a sua disponibilidade, também com as suas ferramentas", acrescentou.

De acordo com o relatório e contas, os lucros dos CCV aumentaram 53,46% em 2021, face a 2020, para 741 mil euros, mas ainda inferiores aos valores de 2019, ano pré-pandemia.

Há dois anos, o tráfego postal dos Correios de Cabo Verde foi de 259.575 objetos em 2021, diminuindo 29,1%, relativamente ao ano anterior, motivado pelas "quebras significativas" no serviço internacional.

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