"O crédito à economia aumentou 5,3% em 2022, apresentando, contudo, um abrandamento face ao crescimento de 6,1% registado em 2021", lê-se no relatório de política monetária de abril do Banco de Cabo Verde (BCV).

O documento refere que o crédito interno líquido concedido pelos bancos cabo-verdianos aumentou 7,4% em 2022, para 168.602 milhões de escudos, dos quais 135.050 milhões de escudos (1.227,2 milhões de euros) em crédito diretamente à economia.

"O processo de 'phasing-out' [retirada] gradual do serviço da dívida dos contratos de crédito sob o regime das moratórias, que vigorou até finais de setembro de 2022, e a não concessão de mais créditos no âmbito das linhas de crédito covid-19 garantidos pelo Estado desde março de 2022, explicam a moderação registada no crédito à economia, tanto às empresas como aos particulares", acrescenta-se no relatório.

"A evolução do crédito interno líquido resultou do crescimento do crédito à economia e do crédito líquido ao setor público administrativo", refere-se ainda no documento, acrescentando-se que no caso dos empréstimos concedidos à economia estes foram "maioritariamente" destinados à aquisição de equipamentos, viaturas e terrenos para construção e expansão da atividade e para necessidades de tesouraria, no caso das empresas, e ao financiamento para construção, aquisição e remodelação de habitação própria, no caso dos particulares.

O BCV regista ainda no relatório de abril um abrandamento "no ritmo de crescimento dos empréstimos destinados ao financiamento para cobertura das necessidades de tesouraria, no caso das empresas, e para construção, aquisição e remodelação de habitação própria, no caso dos particulares" no ano de 2022.

"O que pode estar relacionado com o ligeiro aumento da restritividade dos termos e condições gerais na concessão destes empréstimos. De notar que, de acordo com os bancos inquiridos no âmbito do inquérito trimestral do Banco de Cabo Verde, em geral, em 2022, aumentaram a restritividade dos termos e condições dos novos empréstimos para as empresas, devido sobretudo, à maior perceção (e baixo nível de tolerância) dos riscos associados a empresas sem contabilidade organizada e às perspetivas menos favoráveis para determinados setores de atividade", observa o banco central.

Os bancos comerciais, diz o BCV, aumentaram também a restritividade dos termos e condições dos novos empréstimos para os particulares, "nomeadamente para aquisição de habitação, tendo em conta a maior perceção dos riscos associados à qualidade creditícia do mutuário e ao elevado nível de incumprimento".

Em 30 de setembro de 2022, com o fim do regime das moratórias de crédito, o 'stock' de crédito sob este regime ascendia a mais de 10.866 milhões de escudos (98,7 milhões de euros), representando então 8% do 'stock' agregado do crédito à economia e aos governos locais.

Este montante era exclusivamente de empresas - maior parte, privadas -, sobretudo dos setores de "Alojamento e restauração" (49% do total), de "Atividades imobiliárias" (21,1%), de "Distribuição de água e saneamento" (16,4%) e de "Transportes e armazenagem" (6,7%).

O regime das moratórias de crédito beneficiava então 177 entidades e 269 contratos.

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