"Estamos a entregar estas motorizadas ao ministro do Interior para reforçar o trabalho dos agentes que controlam as nossas fronteiras com o Senegal e a Guiné-Conacri para que não permitir a entrada clandestina de pessoas", afirmou Nuno Nabian, nomeado primeiro-ministro pelo autoproclamado Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
Salientando que as pessoas devem seguir as recomendações das autoridades e ficar em casa, Nuno Nabian destacou o "brilhante trabalho" que está a ser feito pelas forças de segurança e defesa no "controlo da população" para evitar a propagação do vírus.
Vários cidadãos guineenses têm denunciado o uso excessivo da força pelas autoridades de segurança para impedir que as pessoas circulem nas ruas de Bissau e das principais cidades do país.
A atuação policial levou já as autoridades no poder a virem pedir desculpa à população e a Liga Guineense dos Direitos Humanos a advertir que o estado de emergência não é "carta-branca" para uso da violência contra a população.
Nas declarações aos jornalistas, Nuno Nabian admitiu também a possibilidade de fechar o acesso ao interior do país.
"Como sabemos, a doença ainda não atingiu as regiões do interior do país. É bom fazermos um trabalho de base, não permitindo um movimento de pessoas em direção ao interior", salientou.
Dados divulgados na segunda-feira pelas autoridades sanitárias apontam que na Guiné-Bissau o número de pessoas infetadas com o novo coronavírus passou de 18 para 33, mas com possibilidade de aumentar nos próximos dias.
Para conter a propagação do novo coronavírus, as autoridades guineenses determinaram várias medidas, ao abrigo do estado de emergência, nomeadamente o confinamento social e a limitação de circulação de pessoas e viaturas entre as 07:00 e as 11:00 locais (menos uma hora que em Lisboa).
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 487 nas últimas horas num universo de mais de 10.075 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 250 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
A covid-19 atingiu a Guiné-Bissau num momento em que o país vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, o do primeiro-ministro Aristides Gomes, mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.
O Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de militares, mas Sissoco Embaló recusa que esteja em curso um golpe de Estado no país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Depois de os ministérios terem sido ocupados, as forças de segurança estiveram em casa dos ministros de Aristides Gomes para recuperar as viaturas de Estado.
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Emabaló e do seu Governo, os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de contencioso eleitoral.
O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassados as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país.
MSE // JH
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