"O que nós fizemos no início foi trazer pessoas que podiam nos ajudar como consultores, como conselheiros das decisões prudentes que se devem tomar sobre a gestão, operação das linhas aéreas, e esse é o Fly Modern Ark. A não ser que me deem razões para eles não continuarem, enquanto não me derem razões para eles não continuarem, eles continuam", declarou Mateus Magala à comunicação social, à margem de um evento público em Maputo.

A Fly Modern Ark foi contratada em abril de 2023 para implementar um plano de restruturação e recuperação da LAM, no prazo previsto de um ano, não se sabendo se o acordo será ou não renovado.

O governante não esclareceu, referindo que o plano do setor prevê que a situação da LAM fique estabilizada em entre um e três anos, a avaliar pela dinâmica do processo.

"É nesse período que nós pensamos que podemos estabilizar. Oxalá chegue mais cedo porque é o que nós queremos para tomarmos uma opção definitiva", acrescentou Mateus Magala.

O Conselho de Administração da LAM anunciou, na quarta-feira, a cessação de funções do diretor-geral da companhia, João Carlos Pó Jorge, no âmbito das medidas de reestruturação da empresa.

João Carlos Pó Jorge foi hoje substituído por Theunis Christian de Klerk Crous, que assume a função interinamente até 30 de abril, período previsto para a decisão de renovação do contrato com a FMA, na qual o novo diretor-geral da LAM é sócio e seu diretor-geral.

A cessação de funções de João Carlos Pó Jorge, que ocupava o cargo desde 2018, ocorre após o diretor de reestruturação da LAM, Sérgio Matos, denunciar, em 12 de fevereiro, em conferência de imprensa, um esquema de desvio de dinheiro, com prejuízos de cerca de três milhões de euros, em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não são da companhia.

Segundo o ministro dos Transportes moçambicano, a exoneração do diretor-geral da LAM foi um procedimento "normal" e ocorreu pela necessidade de "ajustar a máquina" da empresa e trabalhar com pessoas que possam engrenar nos parâmetros exigidos na companhia de bandeira.

"Nem sempre a exoneração significa que tudo está mal, que aquele gestor não tem valor", referiu Magala.

O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) de Moçambique instaurou um processo para investigar alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes da transportadora aérea moçambicana e sobre a gestão da frota da companhia, avançou à Lusa fonte ligada às investigações.

O GCCC decidiu agir após tomar conhecimento de novos factos relacionados com a aquisição de passagens aéreas nas lojas da LAM com recurso a terminais de pagamento automáticos pertencentes a terceiros e com a subfaturação na compra de combustível no voo Maputo-Lisboa, prosseguiu a fonte.

Em janeiro de 2023, o GCCC já havia instaurado um outro processo para investigar alegações sobre a gestão da frota, nomeadamente, a venda de aeronaves, o seu aluguer, endividamento da companhia para aquisição de novo equipamento e operações de manutenção.

A estratégia de revitalização da empresa segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.

A LAM opera 12 destinos no mercado doméstico, a nível regional voa regularmente para Joanesburgo, Dar-Es-Salaam, Harare, Lusaca, e Cidade do Cabo. Lisboa é o único destino intercontinental.

LN (EAC) // ANP

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