A cerimónia de condecoração do ministro espanhol José Manuel García-Margallo, que decorreu na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Palácio das Necessidades, em Lisboa, contou com a presença dos anteriores chefes da diplomacia dos governos de Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Rui Machete.

O ministro Augusto Santos Silva destacou que as relações entre Portugal e Espanha são "muito antigas, muito próximas, muito estreitas e, sobretudo, entre vizinhos, amigos e parceiros em grandes projetos comuns".

O governante português destacou que na União Europeia, na Conferência Ibero-Americana ou nas Nações Unidas, os dois países têm tido sempre "uma prática de apoio recíproco e envolvimento comum na defesa da paz, da segurança, do desenvolvimento e dos direitos humanos".

"Saudamos o projeto comum, a história comum e o futuro comum, que estamos todos construindo", sublinhou.

Por seu lado, García-Margallo considerou que a condecoração tem "um significado muito especial, porque foi pedida por dois governantes anteriores, por Paulo [Portas] e por Rui [Machete], e por ter sido materializada nesta cerimónia por um governo diferente".

"Isso quer dizer que as relações entre Espanha e Portugal, entre os nossos povos, estão muito acima dos acontecimentos da política, em que uns veem e outros vão com certa periodicidade", sublinhou.

O chefe da diplomacia espanhola relatou que sempre teve uma "relação pessoal muito próxima" com Portugal, recordando que, desde miúdo, visitava o anterior rei de Espanha, Juan Carlos, no Estoril, mas também que viajava para Portugal quase todos os fins de semana, no pós-25 de abril.

"Não os ofenderia a cantar 'Grândola, Vila Morena', porque sei-a de cor", disse.

Antes da cerimónia, os dois ministros realizaram uma reunião de trabalho e um almoço, em que abordaram as relações bilaterais e a cooperação no âmbito da União Europeia (UR), além da situação política internacional.

Depois de defender uma relação "extraordinariamente estreita" na UE, García-Margallo destacou o "interesse especial" que os dois países partilham pela América Latina.

"Temos interesses e afetos no Mercosul", disse.

Em particular, sobre a Venezuela, o ministro disse que a atual situação política no país preocupa Lisboa e Madrid.

"Preocupa-me especialmente que o Supremo Tribunal tenha anulado a lei que concede amnistia política, é um mau caminho e um obstáculo à reconciliação nacional, que é fundamental", sustentou.

García-Margallo referiu ainda que a condecoração é "uma homenagem ao povo espanhol e ao reino de Espanha, não a um ministro em um determinado momento".

"Podereis contar comigo onde me levem os ventos e as tormentas nestes tempos de incerteza que vivemos do outro lado da fronteira", concluiu, aludindo ao impasse político para a formação de um governo em Espanha, após as eleições de dezembro passado.

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