Inspirado por séries como o Black Mirror ou o Altered Carbon, decidi armar-me em professor Bambo e agarrar em algumas previsões de Ray Kurzweil, o famoso futurologista da Google, e prever os impactos positivos e negativos para o futuro da humanidade, tendo por base os avanços tecnológicos. Bem sei que estou a entrar no terreno que é da Maya, mas espero que ela não leve a mal roubar-lhe protagonismo.
Carros autónomos
«Kit, vem-me buscar» será uma realidade nas nossas cidades dentro de poucos anos.
Prós: menos trânsito e acidentes; nunca mais teremos de procurar um lugar para estacionar no Bairro Alto; podemos embebedar-nos como heróis que o carro levar-nos-á a casa sem termos de ir aos grupos de Facebook ver onde há operações STOP.
Contras: os taxistas vão manifestar-se e partir os carros que conduzem sozinhos; seguradoras, bate-chapas, polícias de trânsito e outras profissões deixaram de existir; se os carros ganharem inteligência semelhante à dos humanos, vão andar a chamar nomes uns aos outros e a marrar de frente a discutir quem tinha prioridade.
Imortalidade
Os especialistas dizem que por volta de 2030 seremos já, virtualmente, imortais. Que a cada ano vamos conseguir adicionar um ano de esperança média de vida e assim, estar sempre à frente nesta corrida em contrarrelógio que é a vida. Por essa altura, será possível copiar a nossa consciência para um computador e viver na cloud, eternamente.
Prós: deixar de ter medo da nossa morte e dos entes queridos; mais espaço nas cidades com os cemitérios a tornarem-se obsoletos; sem a necessidade de acreditar em algo depois da morte, a religião irá desaparecer em poucas décadas.
Contras: o padre vai deixar de perguntar «Até que a morte vos separe?» e os casamentos vão passar a diminuir porque “para sempre” começa a ser muito tempo; não vamos fazer nada porque quando temos todo o tempo do mundo somos excelentes a procrastinar.
Realidade virtual indistinguível
Se hoje as pessoas já vivem de cara virada para o ecrã, na década de 2030 viverão dentro do ecrã. Por essa altura, a realidade virtual tornar-se à indistinguível da realidade com o auxílio de nano-robôs que ligarão o nosso cérebro directamente à cloud.
Prós: experiências realistas em sair do sofá; viajar e conhecer o mundo; papar gajas impecáveis.
Contras: deixaremos de conviver na vida real e vamos destruir ainda mais o planeta porque bastará meter o chip que está tudo limpinho e sem aquecimento global; o HIV já não será um problema, mas vamos andar com medo de apanhar o vírus da Sexta-Feira 13.
Inteligência artificial
Também na década de 2030 começarão a surgir os primeiros sistemas capazes de passar o teste de Turing e de convencer os humanos que são conscientes.
Prós: vão trabalhar por nós e cuidar de nós.
Contras: vão começar a processar os humanos de assédio; vão começar a processar os humanos por escravatura; os humanos vão desenvolver relações profundas com a inteligência artificial, excepto quando sai o novo modelo em que aí mandam para o lixo o antigo sem qualquer problema.
Impressão 3D
Em meados da década de 2020 a impressão 3D será ubíqua e todos nós tiraremos partido dela. Seja a imprimir roupa, um coração novo, uma casa ou, até, uma réplica exacta da nossa actriz pornográfica favorita.
Prós: nunca mais temos de ir aos saldos com as nossas namoradas já que ela irá imprimir a roupa em casa:
Contras: vamos imprimir armas e vai ser um regabofe; se as impressoras 3D forem como as normais, só vão funcionar quando lhes apetecer e um gajo nunca vai perceber bem o porquê.
Robôs humanos
Aliados à inteligência artificial, surgirão robôs com aparência humana que serão indistinguíveis de nós.
Prós: namorar com robôs que podem ser desligados quando falam demais.
Contras: estás na discoteca, uma miúda começa a fazer-se a ti, linda, o clima aquece, vão para casa, beijos e amassos, ela tira a roupa e afinal tem pila de metal.
Espécie interplanetária
Em breve, colonizaremos outros planetas, primeiro no nosso sistema solar – Marte – depois avançaremos para outros sistemas.
Prós: vamos poder mandar para Marte toda a gente que acredita que a terra é plana e assim melhorar um bocadinho a vida na Terra.
Contras: se chegarmos a um planeta com vida inteligente, mas menos do que a nossa, vai ser Descobrimentos outra vez com mortes e violações à moda antiga.
Singularidade
O momento em que as máquinas ultrapassam os humanos em inteligência. As estimativas apontam para 2045 e o que acontece a seguir é uma incógnita. Com a capacidade de se melhorarem e aprenderem a uma rapidez incompreensível para os humanos, no espaço de pouco tempo o fosso será tão grande que seremos irrelevantes.
Prós: podem resolver todos os problemas da humanidade em apenas umas horas e tornar o mundo no mais perfeito possível para todos.
Contras: podem pensar «Isto é giro, mas o que está aqui a atrapalhar são os humanos.» e aniquilar-nos em segundos.
Entusiasmados com o futuro? Eu estou. Só espero que não descubram a imortalidade ali duas semanas depois de eu morrer. Isso é que era chato.
Sugestões e dicas de vida completamente imparciais:
Altered Carbon, nova série da Netflix.
No Carnaval, mascarem-se de padres e vão oferecer chupas a crianças.
No dia dos Namorados, recasados ou não, façam sexo consensual.
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