Bom dia, leitor. Permita-me iniciar esta crónica de forma mais mundana, já que estamos a 7 de agosto e ninguém está para aturar seriedade invernosa. Como se encontra? Preparado para o primeiro dia agradavelmente chocho a seguir à vaga de calor? Pronto para poder finalmente tomar banho normalmente, em vez de se pulverizar de hora a hora com água fria como se fosse um Opel Corsa no Elefante Azul? Já tinha saudades de dormir mais do que duas horas seguidas sem ter de se levantar para ir beber copos de água como se um elefante no Serengueti? Ótimo.

Felizmente a onda de bafo magrebino já passou, mas as memórias ainda estão frescas, ou, neste caso, a ferver. Durante uns dias, Portugal tornou-se num Dubai, com menos sítios com ar condicionado e sem salários chorudos. As televisões dedicaram quarenta minutos por noticiário a fazer reportagens nas quais entrevistavam pessoas que se encontravam a dar mangueiradas na família. As praias encheram-se até às dez da noite, os turistas em Lisboa continuam a não ter problemas em fazer snorkeling impulsivo no Tejo. 60% das conversas entre os portugueses foram acerca do tempo agreste, até porque a temperatura não permitia ao cérebro qualquer tipo de exercício intelectual mais profundo.

Houve quem só conseguisse estar em casa, houve quem não conseguisse estar em casa. À noite, borrifar água na cabeça não propiciava um sono descansado. Águas de garrafa foram congeladas para que famílias não fossem obrigadas a ingerir chá niilista quando chegassem à praia. Imperiais tinham obrigatoriamente de ser consumidas em dois a três tragos, sob pena de se transformarem numa aveludada sopa de cevada e lúpulo.

Não fiquei fã desta massa de ar quente. Nem sequer esteve muito sol, o que só agrava a precariedade laboral na área profissional de quem apenas trabalha no verão e é para o bronze. Por outro lado, esta vaga de calor contribuiu e muito para a body-positivity. Já não fazíamos ideia de que tínhamos assim tanta confiança para dormir nus.

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