Estamos a viver dias estranhos em que se fala de ideologia de género no âmbito da disciplina de Cidadania e eu interrogo-me, olhando para o programa, se não estamos a fomentar pouco pensamento deliberadamente.
Os miúdos pensarem é prejudicial? Perceberem conceitos como direitos humanos, emigração, imigração, igualdade de género, isso prejudica o quê? E sobre as questões do corpo, lamento, mas não nos podemos iludir: os miúdos têm smartphones cada vez mais novos e o sexo é um campo de exploração fácil a partir de qualquer motor de busca.
Portanto, as crianças têm acesso à pornografia sem mediação, sem contexto, mas falarem sobre sexualidade nas aulas, na presença de um professor, é melindroso?
O retrocesso que querem imprimir na sociedade significa menos contestação, menos questionamento. Não é um bom caminho. As famílias não podem confundir valores com informação. Não podem confundir religião com aprendizagem. As opções de cada um são isso mesmo: um direito individual. Mas esconder/omitir não é ensinar nem preparar para o futuro. Sobretudo numa era digital há discursos de apreensão que deverão ser vistos e revistos. Em vez do imediatismo do costume, pensem um pouco antes de seguirem uma linha que, essa sim, está prenha de ideologia.
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