1. Eurovisão

No Verão de 2018, todos discutem a Grande Final do Parque das Nações, em que Salvador Sobral começou por ser vítima de aplausos prolongados, até que o público percebeu que o artista se recusava a cantar a canção vencedora de 2017, começando a apupá-lo — o que deixou Salvador visivelmente feliz.

Quanto a Portugal, voltámos a ter 0 pontos, com muito orgulho, o que deixou um sorriso na cara dos responsáveis da RTP — e em todos aqueles que tinham ficado muito irritados com a estranha alegria dos seus conterrâneos quando Salvador ganhou.

2.Futebol

No Mundial da Rússia, ficámos em terceiro, depois de perdermos a meia-final. O adversário? A França, claro.

Metade dos comentadores facebookianos indigna-se agora, durante o Verão, com a importância que o país dá ao Futebol. A outra metade ainda não acredita que Fernando Santos não meteu o Éder a jogar.

No fim do jogo, o país correu para o YouTube para voltar a ver o resumo da final de 2016 em câmara lenta. E fomos felizes outra vez.

3. Turismo

Anda tudo sem saber o que fazer com tantos turistas. Uns aproveitam e põem-se a conduzi-los pela cidade de tuc-tuc ou abrem mais um hotel onde antes era uma casa muito típica (ou um prédio vazio).

Naquilo que já é uma tradição estival dos portugueses, muitos outros aproveitam para se queixar de tanto turista — enquanto marcam alegremente uma viagem até Londres, que lá é que se está bem.

4. Brexit

Por falar em Londres, neste quente Verão de 2018 (o mais quente de sempre), já ninguém tem paciência para as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

O prazo aproxima-se do fim e Theresa May ainda não sabe se quer um Brexit mesmo a sério, um Brexit meio a brincar, um Brexit fofinho, um Brexit que afinal é um regresso ao princípio.

Os europeus, em Bruxelas, também já não aguentam tanta negociação — já pediram a Theresa May que deixe o Boris tomar conta daquilo, só para ver se a malta anima.

5. Trump

Assumindo por fim ao que vinha quando se candidatou, o presidente dos E.U.A. instalou câmaras de filmar em toda a Casa Branca. Um comentador mais shakespeareano não deixou de dizer que Trump «out-Nixoned Nixon». Depois, o seu novo vice-presidente Scaramucci (confirmado em Abril, depois da demissão de Pence) criou um canal de televisão onde agora são transmitidas as discussões, a gritaria e os amores da equipa que trabalha no West Wing — e dos visitantes estrangeiros que por lá pernoitam.

A imprensa reclamou, os comentadores arrancaram as vestes, mas é o canal mais visto em todo o mundo.

Diga-se em abono da verdade: a Coreia do Norte nunca mais aborreceu os E.U.A. Dizem que Kim Jong-un não consegue despregar os olhos da Trump Show TV.

Putin, esse, é um dos convidados regulares do programa.

Entretanto, Trump já começou a campanha eleitoral para 2020. Hillary Clinton também já anunciou que será novamente candidata. 2016 parece que não acaba.

(Também em Portugal o programa de Trump é o mais badalado do momento — embora, por cá, essa ideia de ter um presidente com câmaras que o seguem para todo o lado não seja propriamente novidade.)

Marco Neves | Autor do romance de aventuras A Baleia Que Engoliu Um Espanhol (Guerra e Paz). Tradutor na Eurologos e professor na Universidade Nova de Lisboa. Escreve no blogue Certas Palavras.

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