Tradutor e professor. Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa e A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa. Escreve no blogue Certas Palavras.
Se todo o percurso dos seres humanos na Terra fosse condensado num só dia, a agricultura, as cidades, as leis cruéis de velhos impérios, as dinastias esplendorosas de faraós e reis, o fulgor daquilo a que chamamos de forma imprecisa «civilização» – tudo teria surgido apenas nos últimos dez minutos.
Um dos géneros de maior sucesso por essas redes sociais fora são os textos que apresentam listas de erros de português. Nada teria contra tais listas não fosse dar-se o caso quase sempre misturarem erros verdadeiros com erros inventados.
Em cada Setembro, de todo o país, chegam jovens de 18 anos nervosos e livres, na expectativa deste mundo novo que aí vem. (Alguns até virão da rua ao lado, mas o mundo é outro, a vida é nova.)
Talvez não seja fácil arranjar conversas para as quentes noites de Agosto - mas proponho isto: sente-se com alguém que goste de ler e pergunte-lhe se os escritores do século XIX eram melhores do que os de agora.
Quando falamos, quase todos mexemos as mãos — uns mais do que os outros, é certo, mas raros são os que as deixam atrás das costas quando conversam. Parece que as mãos servem para nos ajudar a criar as palavras naquele momento, como por magia. Falamos com a boca, falamos com a garganta, falamos com a
Vou dar três exemplos de falsos amigos galego-portugueses. Começo no «labrego», avanço pelo «grelo» e acabo nos perigos que se escondem na palavra «bico»…
Acredite ou não, há quem aponte para a expressão «beijinhos grandes» e veja aí um grande erro de português. A lógica será esta: «beijinho» é diminutivo, logo não pode ser «grande».
Com o tempo, tal como há prazer em passar os dedos pelas lombadas dos livros que nunca hei-de comprar numa boa livraria, aprendemos que também há prazer em receber esses pacotes castanhos com livros dentro. Como se fosse Natal quando um leitor quiser.
Quando pegamos num livro, raramente sabemos a viagem que vamos fazer, entre aquilo que as páginas contam e a nossa imaginação. Eis o relato de uma viagem a bordo de um livro, que começa numa igreja portuguesa e acaba na órbita de Saturno. Há baleias e uns quantos vulcões de gelo pelo meio.
Deixo-me ficar a ver televisão e, por causa duma série norte-americana, lembro-me duma bandeira espanhola com símbolos portugueses. As nossas cabeças são máquinas complicadas.
O gosto por acumular livros apanha-se uma vez e dele dificilmente nos curamos. Normalmente, começa cedo e durante alguns anos os sintomas não são muito visíveis: afinal, é preciso algum tempo para acumular um número de livros suspeito.
Hoje apetece-me falar da fronteira — ou pelo menos da atracção fatal que tal risco no mapa exerce em certas pessoas. Para começar, conto o dia em que quase atropelei um polícia espanhol e, para terminar, deixo-vos o relato da noite em que raptei três amigos para os levar até Espanha — duas vezes!