O discurso de João Miguel Tavares nas cerimónias do 10 de Junho de 2019 foi encarado pela nação como ele próprio é encarado pela nação -  saudado e citado como referência pela direita que o PSD perdeu nos últimos anos para o PS (e que é, na realidade, mais centro do que direita), criticado e apontado a dedo pela esquerda que o PS não ganhou (ou não esqueçamos o quão pitoresco foi o líder socialista e primeiro-ministro António Costa ter oferecido os seus préstimos ao comentador para "tomar conta" dos filhos dele em dia de greve).

Numa primeira audição, devo dizer que me pareceu um bom discurso. Um discurso para as pessoas e não para as armas e os barões assinalados, como habitual.

Nessa primeira audição, desconfortaram-me expressões como "subir na vida" e "ser alguém" com que identificou os objetivos das gerações dos pais e dos avós dele, que são também a geração dos meus pais e dos meus avós, e desconfortou-me uma referência aos desígnios nacionais dos portugueses nos últimos 40 anos (cito: a liberdade em 1974, a democracia em 1975, a integração europeia nos anos 80 e a adoção do euro nos anos 90).

O que não impediu que o discurso me tivesse soado bem. Bem escrito, rompendo com a distância institucional com que tantos políticos insistem em celebrar datas emblemáticas, seja o 10 de Junho, o 25 de Abril ou o 5 de Outubro. Foi um discurso escrito para ser comentado nos cafés – e atingiu o objetivo que se propôs.

Mas foi um discurso escrito sem a preocupação de ser fiel aos factos e tão pouco de refletir sobre alguns conceitos – como subir na vida e ser alguém, e é disso que vou aqui falar.

Comecemos pelos factos.

Como o país em que João Miguel Tavares cresceu, estudou e vive é o mesmo que o meu, e as nossas idades são próximas, também as nossas memórias não serão assim tão diferentes. Talvez fosse mais fácil os Xutos & Pontapés irem tocar a Odivelas, onde vivi e estudei até ser adulta, e sem dúvida que era mais rápido apanhar o 36 para Lisboa do que o expresso de Portalegre para a capital. De resto, as enciclopédias em prestações, os livros comprados na papelaria e a expectativa dos pais que ao estudarmos pudéssemos "ser alguém" era a mesma.

Não vou falar da batalha pela liberdade em 74 e pela democracia em 75, porque não posso oferecer testemunho direto (apenas a memória que uma criança de quatro ou cinco anos pode ter). O mesmo não se aplica aos anos 80 e aos anos 90. Aí tenho memória viva e direta. E intriga-me qual é esse país que João Miguel descortinou e que "batalhou" pela integração europeia ou pela adoção do euro.

No que respeita à integração europeia, sobre a qual não tenho menor dúvida de ser um momento definidor da nossa história, há um antes e um depois de 1986. Até 1986, a integração europeia foi um tema de gabinetes, de políticos, académicos e técnicos. Teria de fazer uma imersão mais profunda na imprensa desses anos para dizer se foi ou não de jornalistas, mas arrisco a dizer que seria apenas de uma minoria. Não tenho memória de grandes discussões nacionais sobre o que a Europa nos traria e sobre o que exigiria de nós, não tenho sequer memória de, durante os anos de liceu, ser um tema que os professores nos trouxessem à discussão. Mas lembro-me de telejornais que abriam com greves, empresas que não pagavam salários, FMI à porta.

Lembro-me que a Lisnave, uma grande e histórica empresa, deixou de pagar ordenados e que a família da minha melhor amiga sobreviveu com poupanças de avós que, tal como os meus, tal como os de João Miguel Tavares, esperavam que o filho e as netas fossem "alguém na vida".

Lembro-me das eleições de 1986, do país de Soares e do país de Freitas e de uma tensão positiva desse ano - é provavelmente a primeira memória vivida que tenho de política-política. Um debate entre duas ideias de mundo, entre duas ideias de Portugal, entre duas ideias de sociedade.

E depois veio a integração europeia, com um tratado assinado nos Jerónimos, um dos locais que, três anos antes, tinha acolhido a XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura. Uma exposição que, para miúdas como eu, com pais e avós que também queriam que fossem alguém na vida, trazia qualquer coisa de fresco apesar de falar de séculos passados – talvez porque civilização e progresso eram, para muitos, algo a que chegaríamos pelo conhecimento, pela escola, por saber mais.

E chegámos assim à segunda metade dos anos 80.

Já éramos da "Europa", já éramos "europeus".

Lembro-me de portugueses felizes por causa dos cursos do Fundo Social Europeu que pagavam subsídios por vezes superiores aos ordenados que os nossos pais ganhavam.

Lembro-me de fazer um desses cursos em que a folha de presenças e o valor a receber eram assinados a lápis.

Lembro-me que poucos de nós fomos questionar por que razão tinha de ser a lápis - para a maioria, era dinheiro, mais dinheiro do que poderiam imaginar estar a receber aos 18 ou 20 anos, que importava de onde vinha e a quem aproveitava? Era a Europa, havia dinheiro, finalmente éramos europeus.

Lembro-me de portugueses igualmente felizes de colocar matrículas com as estrelinhas da Europa no seu carro, mesmo que velho de anos, do tempo em que a Europa era lá longe e as estradas obrigavam a dias inteiros de viagem dentro do "nosso" Portugal.

E lembro-me que vieram as multinacionais e que as multinacionais precisaram de contratar pessoas para vender os seus produtos e que muitos dos portugueses que não tinham a universidade no seu percurso de vida arranjaram empregos bem pagos, passaram a usar fato e gravata e, com sorte, até carro "da empresa" tinham.

Lembro-me que a universidade não era para todos, nem um sonho de todos. E que os pais daqueles que seguiam “com os estudos” temiam que os filhos fossem para cursos como História ou Filosofia porque "só podiam dar aulas". E que esses pais nos queriam bem, queriam que fôssemos alguém, que subíssemos na vida - logo agora que a Europa estava aí, que havia dinheiro e que esse dinheiro, diziam as notícias, estava na "economia". E a economia são as empresas, as grandes obras, não é a escola, não é a educação.

Lembro-me que Cavaco Silva entrou então na vida do país, tornou-se primeiro-ministro, ganhou maioria absoluta e tornou-se para essa maioria que o elegeu o símbolo do homem que vem do povo, anti-políticos e fora das elites, que mostra que com mérito chegamos lá. E “lá” ficou 30 anos.

Lembro-me que na viragem para os anos 90, o mundo mudava de vez e a paz perpétua de Kant, estava ali. O muro de Berlim caía, a Perestroika vingava na URSS e a já se podia beber coca-cola e comer hambúrgueres em qualquer parte do mundo - há lá desígnio mais fixe aos 18 ou 20 anos? Era o fim da História e o princípio de ‘e fomos todos felizes para sempre’.

Veio mais dinheiro, crédito barato, crédito à habitação, crédito para o carro, crédito para viajar - bolas, somos mesmo europeus e que bom é viver como os europeus. Havia umas fábricas a fechar lá para o norte - já se sabe que o progresso tem sempre faturas -, mas até os agricultores andavam felizes com os seus novos jeeps e o ar saudável da vida do campo. Veio o franchising, o merchandising, o leasing. Éramos europeus, lá está.

E assim passaram uns anos e eis que já estávamos todos, segundo a cronologia de João Miguel Tavares, num novo desígnio nacional - unidos em direção ao euro.

Confesso que não dei por isso, por essa frente unida.

Não dei pela discussão dos cidadãos sobre o Tratado de Maastricht - que deixou para trás a velha CEE e instituiu a nova União Europeia e que lançou as bases do euro, mas recordo como nos movemos a discutir a construção do CCB com o objetivo de albergar a primeira presidência portuguesa da CEE em 1992.

Não dei pela discussão, entre todos nós, fora dos gabinetes e da academia, das vantagens do euro, do que iria custar às nossas empresas, aos nossos empréstimos bancários, a um Estado sem estamina para entrar nessa corrida. E de como nos poderíamos preparar para o que aí vinha.

Dei pela constipação na economia em 1993. Dei pelas primeiras suspeitas que o cavaquismo só funcionava com dinheiro a jorros despejado em PEDIPs, FEDERs e PACs sem que o país, efetivamente, tivesse uma estratégia do que queria ser e de como ia lá chegar.

E dei pelo guterrismo que se seguiu ao cavaquismo, pelos anos de ouro em que tudo luzia – a Expo98 luzia, o Nobel de Saramago luzia.

Mudámos de milénio, ganhámos o euro e pouco tempo depois dei pela mudança de discurso depois do fim da festa.

Quando o dinheiro da Europa deixou de chegar como chegava.

Quando nos apareceram faturas em vez de cheques.

Quando a Europa se tornou mais do Leste do que do Sul (recordemos que antes dos países do Leste terem tornado a Europa dos 12 em Europa dos 28, a última entrada em bloco tinha sido de Portugal, Espanha e Grécia).

Para os políticos portugueses, os êxitos da Europa sempre foram nacionais.

Os fracassos obviamente que sempre foram europeus.

Porque quem podia adivinhar que isto aí acontecer? E se os políticos não adivinhavam, como é o que nós, pobres portugueses, que tão bons europeus tínhamos sido, que tão bem tínhamos aprendido a viver à europeia, iríamos saber? Afinal, até faltar o dinheiro, estávamos firmes no propósito de nos tornarmos europeus e tirando uma ou outra polémica como a interdição dos galheteiros, a Europa podia contar connosco.

Nos últimos 20 anos, os políticos falaram da Europa como nós, os portugueses, falámos dos políticos: quando corre bem, somos “nós” os responsáveis, quando corre mal, são eles.

Para efeitos de estatística, lembremo-nos apenas que dois dos políticos hoje mais destratados nas redes sociais, Cavaco Silva e José Sócrates, por razões naturalmente distintas, foram também políticos que obtiveram maiorias absolutas.

E é por isto tudo que falar de 20 anos plenos de desígnios nacionais, como falou João Miguel Tavares, versus uma última década vazia de propósito me parece, no limite, pouco rigoroso com os factos.

Talvez até, se olharmos bem, como povo e como cidadãos tenhamos tido mais “desígnio” quando os poderes nos abandonaram à nossa sorte e tivemos, a partir de 2010, uma crise como não havia memória desde os tais idos do início dos anos 80. A forma como muitos portugueses contrariaram o desemprego, a falta de oportunidades, o peso do fisco e do empréstimo bancário versus os rendimentos que dispunham provou, quer a título quer individual quer coletivo, bem mais a nossa capacidade de refletir e decidir sobre o caminho a seguir.

Para quem já não se recorda, a manifestação de setembro de 2012 contra as alterações na Taxa Social Única propostas por Passos Coelho, e que juntou pessoas de idades, classes e tendências políticas diferentes, foi um ato cívico com pouco equivalente, se algum, nos outros 20 anos em que João Miguel Tavares nos descortinou como o povo unido em direção ao desígnio europeu.

Passando dos factos às ideias sobre progresso social.

Nada é mais certeiro e com possibilidade de grande unanimidade do que um discurso que louva o direito de quem não é nada de especial às mesmas oportunidades de quem é qualquer coisa de especial.

A maioria de nós sabe que não é Cristiano Ronaldo, e também não é Agustina Bessa-Luís, e também não é António Damásio – para dar uma palete alargada de portugueses que se distinguem ou distinguiram em várias áreas.

Um discurso que louva as pessoas comuns está condenado ao sucesso - porque se dirige a todos nós e porque é difícil que alguém não concorde com a ideia inerente de que todos merecemos ter a oportunidade de melhorar a nossa vida.

Não ser nada de especial não retira direitos, nem retira lugar na sociedade – senão a sociedade ficaria reduzia a meia dúzia de seres especiais.

E, já agora, não ser especial não é exatamente a mesma coisa que “não querer fazer nada de especial”.

Essa aspiração, ambição, objetivo, mero desejo é inerente à natureza humana, independentemente de concretizada ou não.

Presumivelmente seria também isso que João Miguel Tavares queria dizer quando referiu que não sendo melhores que ninguém nem precisando de o ser, podemos fazer coisas extraordinárias – acho que vale também para qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo.

E não é materializável “apenas” em conceitos como “subir na vida” ou “ser alguém”.

Sobre o primeiro conceito, está intrinsecamente associado a ganhar mais dinheiro e/ou a ter maior estatuto social - na maior parte dos casos, a ambos.

Pessoalmente, não aprecio o termo e a visão do mundo que tem inerente – soa-me muito a novela, ao bom pobre que sobe na vida e ascende ao lugar do rico mau para então sim iniciar um mundo melhor.

Só que não é essa a natureza humana, nem essa a história que a História conta – mesmo que continuemos, alguns de nós, a gostar de a contar.

Um historiador, Alan Taylor, escreveu que todos os revolucionários se tornam conservadores quando chegam ao poder.

Não é muito diferente com o dinheiro e com o estatuto social que lhe estão associados – quando se alcança, não se volta para trás e passa-se a ter preocupações próprias do novo estatuto.

Não é erro, nem dolo – é natureza humana.

Já sobre o segundo objetivo apresentado por João Miguel Tavares, “ser alguém”, também vale algum pensamento adicional.

Todos somos alguém – e nesse sentido, todos contamos. Tal qual disse no seu discurso.

Ser alguém, uma expressão do tempo dos meus avós, tem inerente a história de uma sociedade em que só quem tinha poder e dinheiro podia aspirar a uma boa vida.

Podemos dizer que continua a ser assim, mas os números ajudam a contar outra história. Claro que continua a ser verdade que mais vale ser rico e com saúde do que pobre e doente, mas comparar o acesso à vida pública e ao bem estar material em 2019 com o que acontecia há 50 anos, para não ir mais longe, é uma miopia.

Atendendo às mudanças sociais, económicas e culturais do país, vale a pena pensar  no que significa ser alguém hoje, no sentido de ter sucesso, no sentido de progredir – no sentido do tal elevador social também.

O discurso de João Miguel Tavares foi dirigido a uma geração que tem hoje entre 45 e 55 anos.

Muitos tiveram avós ou analfabetos ou em esforço desmedido por alcançar sustento - em muitos casos, ambas as variáveis coexistiam.

Muitos tiveram pais que foram educados a serem pobretes e alegretes ou que procuraram fora de Portugal, em França ou em Angola, um destino diferente da elevação da pobreza a um estado natural.

Esta é uma geração que chegou à idade adulta no momento da nossa história em que comprar casa, ter um ou dois mais carros na família e levar as crianças à Disney em Paris se tornou equivalente de “as coisas estarem a correr bem”.

É essa mesma geração, que hoje está desiludida, arrependida ou simplesmente preocupada, com o futuro da geração que vem a seguir.

E que tem razões legítimas de preocupação, basta ver os números do desemprego entre jovens ou do preço das casas para saber que sim.

Mas que, arrisco, tem também de aceitar não só a sua parte no “desígnio nacional” que se transformou em “pesadelo nacional” como também que o sentido que atribuímos a “ser alguém na vida” pode hoje ser outro - que sempre houve outro sentido, na realidade.

Para muitos jovens, “ser alguém” é menos ter casa própria ou carro – mesmo para os que podem – e mais ter liberdade para ser o que quiser. Mesmo a ganhar menos, se for o caso, mesmo a fazer alguma coisa que os pais e avós associariam menos a um percurso de sucesso.

Para muitos, emigrar não é nem castigo nem derrota - mas vontade.

Para muitos, poder ser o que se quiser está mais limitado pelos cânones da minha geração do que outra coisa qualquer.

É mais disruptivo, menos linear do que foi antes? É.

E já agora, as barreiras ao sonho são, como sempre foram, sobretudo de índole económico-social, mais que geográficas.

Aposto sem hesitar que um jovem de uma família “bem na vida” de Portalegre – para me manter na terminologia do JMT -  tem de certeza um percurso mais facilitado do que um jovem de classe baixa de Cascais.

Como, aliás, aconteceu com João Miguel Tavares – os pais puderam pagar-lhe os estudos em Lisboa e ele veio, outros, que como ele também gostariam de o ter feito, ficaram para trás porque não havia dinheiro que o pagasse.

Ontem como hoje – as diferenças começam no bolso de cada um, de cada família.

Hoje, mais do que ontem, resolvida essa barreira, o acesso à universidades, às empresas, a grupos da mais diversa natureza é mais fácil – porque a sociedade, com todas as suas imperfeições, se democratizou em várias dimensões e porque a tecnologia também o tornou mais simples.

Quando escolhe como exemplo o pai que tem tanto currículo como o cientista, João Miguel Tavares está a cantar uma melodia irresistível para a maioria. Mas, sendo certo que todos procuramos ter do que nos orgulhar nas nossas vidas, a questão é outra.

É que não somos uma coisa à vez - somos várias.

A maior parte de nós somos pais e mães - e profissionais. Tal como os jovens são jovens - e estudantes ou jovens trabalhadores. E os mais velhos são reformados - e foram trabalhadores antes disso.

E nessa dupla condição, continuamos a precisar do mérito como força motriz, podemos é discutir o que queremos valorizar.

"Fui melhor pai, mas menos bom profissional porque me dediquei menos à minha profissão" - é currículo como pai ou mãe? Pode ser. Mas é sobretudo um sinal de algo que temos de corrigir – um desígnio, lá está – uma vez que numa sociedade saudável, essa é uma escolha que cada vez menos deve ter de ser feita.

"Fui bom pai e bom na minha profissão porque tive menos tempo para mim em prol de poder progredir profissionalmente "- é currículo como pai e profissional? Ou o esforço adicional de quem assim escolheu não deve ser recompensado? Ou deve ser tudo igual?

É nessas discussões que acabam os discursos fofinhos e começa o debate político. Política é isto – é discutir o que valorizamos e as soluções para os problemas que nos impedem de viver melhor.

Dificilmente os retratos simples da sociedade são verdadeiros. O ser humano está lá para estragar a simplificação com a sua mania de ser complicado e de colocar variáveis diferentes e imprevistas nos retratos.

Por último, a tentação de um discurso melodioso.

Nem de propósito tive recentemente uma conversa sobre "escrever de ouvido".

Escrever de ouvido significa que os textos, quando bem escritos, têm em si próprios uma musicalidade, um acerto de tom e de notas que os faz harmoniosos a quem os escuta e, tal como nas melodias, os torna agradáveis.

O discurso de João Miguel Tavares, política à parte, tem isso - uma melodia agradável.

O problema surge quando a melodia substitui o sentido - quem nunca ficou a com uma música na cabeça, mesmo que desprovida de sentido, sem conseguir tirá-la de lá?

Poucas coisas são mais desoladoras do que deitar abaixo um texto que soava tão bem - mas quem coloca a substância à frente da forma, muitas vezes não tem outra possibilidade.