Negam que haja uma pandemia, que a Covid seja real, que mate tudo o que mata ou que infecte tudo o que infecta. Negam o uso da máscara, pois claro, se tudo isto nem realmente existe. Negam a ciência, não acreditam em médicos, virologistas e académicos. Negam dados e factos, objectam estudos e provas. Alegam liberdade individual, negando a consciência de viverem em sociedade. Negam a segurança dos outros para salvaguarda da sua muito própria realidade.

Negam a importância das vacinas para a saúde mundial. Alegam poderes ocultos que as usam para controlar a humanidade através de chips injectados nas pessoas. Negam e alegam, principalmente nas redes sociais onde os algoritmos estão feitos para controlar as pessoas. Isso ainda não negam. Talvez um dia. Para já ainda por ali andam a negar tudo infinitamente, validando a negação uns aos outros, saindo mais fortes de cada ronda de negação, uivando pela sua verdade, pelos factos alternativos que se coadunam ao que querem. Porque é isso que importa. Factos que se moldam à realidade ao invés de factos que são a realidade. Bons tempos idos, esses onde os factos eram factos. Agora nega-se, alega-se e altera-se. A verdade perdeu validade e a Terra esfericidade. Quem diria que chegávamos a 2020 com tanta gente a defender que o nosso planeta é plano, conduzido por uma tal Nova Ordem Mundial que injecta chips nas pessoas, enquanto simula uma pandemia global. 

A partir do momento em que se pode negar tudo, então nada é verdade, tudo é permitido. Negue-se tudo. Negue-se a História e a Ciência, o Holocausto e a Medicina. Negue-se a força de gravidade, o sol e as nuvens, as cores e os sons. Negue-se o conhecimento, negue-se a própria existência da realidade porque assim sendo, a realidade de todos é a realidade de cada um, e o niilismo traz o fim do mundo na ponta do nariz. No lugar onde devia estar a máscara.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- As Estradas São Para Ir: o belo livro da Márcia.