O aeroporto de Lisboa é o pior do mundo. Não sou eu quem o diz –  embora possa concordar –, é a empresa AirHelp, que avalia mais de cento e trinta aeroportos no mundo. Há umas semanas, no dito aeroporto, considerei se deveria ou não desistir de voar. A confusão no check in era de tal forma absurda que, pareceu-me, nem num sketch humorístico teria aquele nível de loucura. Pessoas sem saber como usar as máquinas e assistentes em número insuficiente. Um casal com uma idade considerável aparentava estar em pânico, sem saber o que fazer. Dois senhores a discutir. Uma assistente a explicar que a máquina não faz a gestão do peso por casal, portanto se têm uma mala, mas esta pesa mais de 23 quilos, tenham paciência, têm de retirar alguma coisa. Nos tapetes que pesam as malas esta cena sucedia-se com variações, o que contribuía para uma paisagem de malas abertas e pessoas a encafuar o que podiam em sacos, mochilas e malas de senhora. 

Observando a uma certa distância, era igualmente óbvio que ninguém considerava a questão da pandemia – as distâncias de segurança foram-se. Máscaras? Nem vê-las. Mas tudo bem, a lei é a lei e já podemos. A este desespero temos de acrescentar toda a tragédia que se vive para chegar ou sair do aeroporto, caso se opte por um Uber (está um inferno instalado, porque não se querendo prejudicar os táxis, os Ubers foram recambiados para o estacionamento das partidas, com direito a uma única entrada diária à borla e com gestão de tempo apertado, portanto temos filas e pessoas com malas, sem perceber nada). Há ainda a questão da higiene dos espaços de comida e as filas de espera, nas mangas que dão acesso ao avião – existe uma variação, as esperas nos autocarros. E eu pergunto: começam o embarque sem condições porquê? Porque podem, decerto. 

Nas diferentes lojas e serviços do aeroporto de Lisboa, as pessoas não conseguem ser simpáticas; trabalham num sítio altamente stressante e em constante rodopio. 

Quando o voo finalmente começou, com sei lá quanto tempo de atraso, pensei: não me aflige a ideia de que o aeroporto dê má imagem aos estrangeiros. O que me preocupa é a vergonha que sinto de dizer que este é um aeroporto português.