Já pararam um bocadinho para pensar? Será que precisam destes luxos na vida? Não vos vou mentir, uma vez dormi numa cama de casal e gostei. Também já estive na casa de um amigo meu, que tem efectivamente mais posses, e ele tinha uma cozinha independente da sala, adorei. Mas estes luxos também têm a sua graça por serem cada vez mais raros. Se fossem banais, perdíamos logo o interesse. Uma sanita onde nos conseguimos sentar sem estar a dar com os dentes no lavatório à nossa frente? A sério, para quê?
Tem-se feito um escândalo – completamente exagerado, diga-se – com esta questão das rendas. Meus meninos, eu tenho encontrado T0's a 800€ ou 900€, muito perto do centro de Lisboa (ali na zona de Chelas) equipados com chão, meia janela e com tecto a cobrir quase totalmente os 7 metros quadrados da casa. Por amor de Nosso Senhor do Turismo Desenfreado, não me digam que isto não é uma pechincha! Sejam menos queixinhas e vão ver que a vida vos corre melhor.
Ainda por cima, é facílimo encontrar estes sonhos da habitação urbana na net logo pelos títulos dos anúncios. Os proprietários têm sido muito criativos e, usando bonitos eufemismos, usam descrições como “apartamento simpático e aconchegante” ou “estúdio de charme” em vez de “cave que remete para suicídio” ou “sítio 5 estrelas, dentro da categoria das barracas de zinco”.
A questão é que não se podem esquecer que estão em Lisboa. O luxo de viver nesta cidade paga-se! Podemos ir de tuk-tuk para todo o lado, podemos visitar O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa, podemos comer pastéis de bacalhau com queijo da Serra (tal como é nossa tradição há séculos), podemos admirar um homem-estátua de 5 em 5 metros e podemos até ir aos bares do Cais do Sodré durante pelo menos mais 2 anos (depois será um hotel gigante, como já está previsto). Não podemos é ser lisboetas, verdade. Mas ser lisboeta também é sobrevalorizado.
Espetem uma tabuleta gigante no Terreiro do Paço, que se veja quase do espaço, a dizer “Aluga-se cidade incrível, antigamente habitada por pessoas de verdade”.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Sol: Sei que não é a primeira vez que sugiro isto, mas não me aguento. Este tempo está incrível. Vão para esplanadas, bebam cerveja com os amigos, vão à praia, o que quiserem. Saiam de casa e das redes sociais.
- Comer uma francesinha: Não consigo vir ao Porto sem comer uma ou duas. Depois gasto as calorias no Plano B.
Comentários