No centro do debate está a criação da AD-EDIT - Associação de Editores de Partituras e Compositores, em novembro de 2023, que introduziu novas condições de licenciamento e utilização de partituras musicais, situação que gerou preocupações entre bandas filarmónicas, escolas, orquestras e outras entidades utilizadoras, uma vez que a grande parte destas depende de partituras musicais de domínio público ou adquiridas a preços acessíveis. 

1€ por fotocópia de uma partitura. Bandas e coros chegam a pagar 1700€ por ano e agora vão ao parlamento
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Estas condições significariam o aumento de custos na reprodução de cópias de partituras, colocando em risco a capacidade de muitas bandas filarmónicas continuarem a promover atividades culturais, e as respectivas escolas perderem a capacidade de proporcionar o acesso ao ensino musical.

Mas afinal, qual o verdadeiro impacto das cerca de 600 bandas filarmónicas no nosso país? Deixo 5 ideias para reflectirmos:

- As bandas filarmónicas são, para muitos, a oportunidade de aprenderem música de forma gratuita, com formação cada vez mais especializada e baseada em muitos casos na "reciprocidade", onde músicos mais velhos ensinam os mais novos, num verdadeiro sentido de partilha de saberes;

- As bandas filarmónicas são pólos de amizade e entreajuda, funcionam em muitos casos como combate ao isolamento social, promoção do envelhecimento ativo ou identificação de casos e problemas sociais;

- As bandas filarmónicas são um exemplo de intergeracionalidade, nelas convivem pessoas dos "8 aos 80 anos", numa autêntica troca de conhecimentos e experiências;

- As bandas filarmónicas potenciam a participação cívica na comunidade, são uma forma direta de contribuir para a história e cultura de uma região;

- As bandas filarmónicas são, em muitos casos, um exemplo de gestão financeira honesta e transparente e de capacidade de "fundraising", com capacidade para manter em funcionamento uma organização com parcos apoios financeiros e com formas de manutenção de instrumentos (cada vez mais dispendiosos).

Com todo este propósito social e missão cultural, já alguma vez se reflectiu e ponderou de que forma se traduz todo este “investimento” das filarmónicas na promoção da cultura, no apoio social ou na Educação? 

Que possamos cada vez mais ajudar a reforçar e a enaltecer o trabalho das centenas de filarmónicas em Portugal o que de bem se faz no nosso país. É, também, por aí, que se constrói um futuro melhor!