Pode parecer estranho que tenham sido os senhores do marketing, e não os cientistas, a descobrir que há pêlos macho e pêlos fêmea, mas é sabido que os senhores do marketing são as pessoas mais inteligentes do mundo. A sua inteligência é que permitiu inventar o Pai Natal, o Dia dos Namorados ou os preços acabados em 99, por isso não é de espantar que tenham chegado a tal descoberta.
Mas também descobri outra coisa pelo anúncio. Neste, podemos ver diferentes homens de peito depilado a dançarem ao espelho, ou até à frente de outras pessoas, sempre muito felizes. Termina com a frase “sem pêlos, sem medos!”. E foi aí que percebi porque é todos os dias quando vou tomar banho começo aos berros, em pânico, quando me olho ao espelho. Exactamente, porque tenho pêlos no peito. Eu gritava todas as manhãs, tinha arritmias, recorria ao Xanax, e isto tudo sem perceber porquê… até ver este anúncio.
Eu assustava-me muito porque pêlos no peito dá medo. Claro que dá. Não é uma invenção dos senhores do marketing, dá mesmo medo. Isto porque um pêlo sozinho não faz nada, mas quando estão muitos juntos no peito começam a multiplicar-se vertiginosamente até acabarem por engolir a própria pessoa numa bola de pêlo gigante.
Claro que o slogan “sem pêlos, sem medos” faz todo o sentido, assim sendo. Quero, portanto, acabar esta crónica com um agradecimento a estes senhores. Primeiro, por terem descoberto a diferença entre pêlo com pénis e pêlo com vagina. Depois, por nos mostrarem que nos devemos depilar todinhos porque os pêlos dão medo. Não é uma questão estética altamente discutível, nada disso. É para nosso descanso, mesmo. Obrigado pela vossa genialidade e por nunca nos tratarem por burros.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Avenida Q: Por esta altura, já metade do país deve ter visto. Mas são os últimos dias que estão em cena em Lisboa, aproveitem. Depois, só no Porto.
- "Dark": Das melhores séries do ano, de longe. Vão já para a Netflix e confirmem.
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