Vai dar sangue? Tem um questionário para preencher e deve fazê-lo da maneira mais transparente possível. O questionário, tenho esperança, será revisto em breve, para que não existam equívocos nem erros de interpretação, e para que seja verdadeiramente inclusivo.

O conjunto de perguntas serve para fazer a avaliação de factores de risco relacionados com a sexualidade, o contacto sexual com parceiros utilizadores de drogas ilícitas, com múltiplos parceiros e com parceiros portadores do vírus VIH e hepatites B ou C, assim como o contacto sexual a troco de dinheiro ou drogas, ou com parceiro cujo comportamento é desconhecido. Neste questionário não é perguntado se houve contactos com parceiros do mesmo sexo.

O dador deverá ser capaz de revelar se acumula parceiros sexuais, ou se tem diagnósticos médicos específicos. Ser gay ou heterossexual é indiferente. Os riscos de contágio existem nas pessoas que têm comportamentos de risco. Não existem por uma pessoa ser gay. Isto deve ficar claro, claríssimo. Discriminar um dador de sangue por causa da sua sexualidade está errado, deve ser condenado de maneira veemente.

A norma para assegurar uma prática de recolha de sangue sem discriminação não data destes dias; contudo, no passado dia 19, a norma teve uma revisão promovida à discussão na Assembleia da República por Cristina Rodrigues, deputada não inscrita. A lei, preto no branco, impressa e com todo o peso que a lei comporta, não pode ficar apenas nessa solenidade escrita. Importa desmistificar e dar formação aos profissionais de sangue que, tantas vezes, demasiadas vezes, recusam dadores de sangue, pelo simples facto de estes dizerem que têm parceiros do mesmo género.

Estão interditas de dar sangue todas as pessoas que, nos últimos três meses, tenham tido contacto sexual com pessoas com comportamento de risco infeccioso, risco que aumenta sempre que existam agentes transmissíveis pelo sangue. Também estão interditas de dar sangue por três meses pessoas com contacto sexual com um novo parceiro, ou mais do que um parceiro. Palavras-chave a reter: pessoas (e não gays), comportamento de risco. A discriminação combate-se com informação.

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