Das histórias reais às que ganham vida nas páginas dos livros

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

O ano está a chegar ao fim e isso é, habitualmente, sinónimo de recapitular o que aconteceu nos meses que passaram. Se pensarmos bem, também o fazemos a cada dia. Usamos a memória constantemente, seja esta recente ou estivesse já guardada numa caixinha mais distante. É dessa memória que se fazem as histórias ou a História.

Se tivermos de pensar no dia de hoje — a nível noticioso —, há coisas a que não podemos fugir.

Por cá, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a região do Baixo Mondego, no distrito de Coimbra, depois de passado o período crítico das inundações, para obter informação no local sobre os efeitos do mau tempo. O Natal foi calmo, mas antes disso o país não escapou aos efeitos do mau tempo, que provocou três mortos, 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

E falando na época das festividades, temos já os habituais balanços sobre ocorrências nas estradas. A GNR deteve 43 pessoas em flagrante delito entre as 20:00 de sexta-feira e as 08:00 de hoje, 23 delas por condução sob o efeito do álcool. Ao fim da tarde, um despiste de um veículo ligeiro em Tavira elevou para oito o número de mortos da Operação "Natal e Ano Novo".

Lá fora, olhamos hoje para o atentado com carro bomba em Mogadíscio, na Somália, que causou pelo menos 92 mortos e 128 feridos; para as manifestações dos coletes amarelos que continuam a acontecer em França e para os conflitos em Hong Kong, que levaram hoje à detenção de 15 pessoas.

Mas não são só estas histórias que quero destacar. Quero fazê-lo olhar para o futuro, mas não para a realidade propriamente dita — porque este mundo também se faz de ficção. E de livros.

Ano novo, novas leituras. Por isso, nada melhor do que olhar para o que aí vem. As duas obras vencedoras do Prémio Booker deste ano, o mais recente livro da artista norte-americana Patti Smith e um novo romance da autora italiana Elena Ferrante são algumas das novidades editoriais para o primeiro semestre de 2020. Mas há mais destaques para o ano que se avizinha e, por isso, pode ler tudo aqui.

Enquanto isso, aproveito para destacar três dessas novidades (algumas das que me despertaram a atenção) e sugerir outros três livros, ou não tivesse eu passado os últimos dias à lareira a pôr as leituras em dia:

Do que vai chegar às livrarias: 

- "Notas de Inverno sobre Impressões de Verão", de Fiódor Dostoievski (é impossível fugir a um dos mestres russos);

- "Epítome de Pecados e Tentações", de Mário de Carvalho (olhemos para quem temos por cá a escrever);

- "Cartas para Miguel Torga", com organização de Carlos Mendes de Sousa (a correspondência é sempre uma boa forma de se conhecerem os autores, de uma perspetiva mais pessoal).

Do que já encontramos na estante por aqui: 

- "O Deus das Moscas", de William Golding (a minha leitura atual, porque um Nobel tem sempre de ser lido);

- "Tabacaria", de Álvaro de Campos (este poema de um dos heterónimos de Fernando Pessoa, numa edição bilingue e com ilustrações de Pedro Sousa Pereira, porque às vezes com "bonecos" pintamos as letras de outra forma);

- "Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez (um dos livros que ofereci este Natal e que não deixa de me encantar a cada vez que o tiro da estante. E mais um Nobel, claro).

Entre notícias e histórias inventadas nos livros ou nem por isso, eu sou a Alexandra Antunes e hoje o dia foi assim.

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