Dois jovens estão na Internet. E apenas um sabe distinguir factos de opiniões

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Passar mais horas na Internet não significa que se saiba interpretar o que se lê. No caso dos jovens portugueses, metade não consegue mesmo distinguir o que é um facto de uma opinião. (E também cabe a curiosidade de que os jovens que leem mais livros em formato papel estão mais preparados para navegar pelas web's.)

"Menos de metade dos jovens não distingue factos de opiniões. Antes, os jovens liam na enciclopédia e sabia-se que o que estava lá escrito era verdade. Agora procuram informação na internet", alertou o diretor da OCDE para a Educação, Andreas Schleider. No fundo, os jovens não conseguem "distinguir a verdade da mentira".

Estas são algumas conclusões de um relatório (“Leitores do séc. XXI: desenvolver competências de leitura num mundo digital”) da OCDE, hoje apresentado, no âmbito do PISA 2018. Participaram 600 mil alunos, que representam cerca de 32 milhões de jovens de 15 anos das escolas dos 79 países.

Só que o documento não trata somente o que é falso ou verdade na Internet. Para os jovens, a leitura de "e-mails" já não é o que era e Schleider explicou que está "fora de moda". Mas não é só a caixa do correio eletrónico que parece estar a caminhar em direção ao obsoleto: estão a passar também menos tempo a discutir em fóruns.

Mas então o que fazem?

Gostam de passar o tempo a falar uns com os outros. Embora não só. Agora também consomem e procuram notícias (online). Aliás, como nota Andreas Schleider, "as notícias online são muito mais populares em 2018 do que eram em 2009".

Por outro lado, uma revelação menos positiva tem que ver com o aumento da falta de gosto pela leitura. No indício "Ler por Prazer" as respostas da juventude de hoje sugerem que se lê agora mais do que se fazia em 2009, mas que lê sem prazer. Portugal não foi o país que mais evidenciou este ponto (isto notou-se mais na Alemanha, Finlândia e Noruega) embora também se tenha sentido nas respostas dos jovens nacionais. As raparigas e os alunos com estatuto socioeconómico mais elevado foram os que responderam com melhor resultado.

Uma coisa parece óbvia: para combater a literacia digital nas escolas é preciso ler para saber interpretar e questionar o que se lê. As escolas têm um papel importante neste âmbito, mas esta é uma missão que não deve ser exclusiva dos professores. Irmãos, pais, tios também podem ajudar e ter uma palavra a dizer. Porque tal como recordou o diretor da OCDE na apresentação do relatório, os jovens quando se interessam por um assunto "têm uma energia infinita e conseguem passar horas seguidas envolvidos num tema". O que é bom. Mas é preciso que se lhes aponte para onde está a informação correta e fidedigna. E se esta for para um livro físico, pelos vistos, tanto melhor.

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