Numa guerra “o horror não tem limites"

Inês F. Alves
Inês F. Alves

As negociações de paz entre Rússia e Ucrânia encontram-se num "beco sem saída". A expectativa de consenso dilui-se à medida que o conflito se intensifica a leste. "Para ser honesto, não temos nenhuma confiança nas negociações sobre Mariupol", assumiu este sábado o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, numa entrevista em que ameaçou travar as conversações de paz.

De parte a parte, avançam-se números chocantes para dar conta dos "avanços" e atrocidades do conflito, números que pecam por falta de validação de entidades independentes e que são um espelho de uma guerra que se faz também de propaganda.

As autoridades ucranianas dizem que os combates deixaram entre 20.000 e 22.000 mortos em Mariupol; a Rússia fala em mais de 23 mil baixas nas forças ucranianas desde o início da ofensiva, a Ucrânia contabiliza entre 2.500 e 3.000 soldados mortos até agora. Depois do massacre em Bucha, contam-se mais de mil corpos descobertos na região de Kiev, em zonas que estiveram ocupadas várias semanas por forças russas. E, dia sim, dia sim, há notícias de bombardeamentos a zonas residenciais.

Mas há outros números, avançados por entidades que não estão diretamente envolvidas no conflito e que merecem atenção:

  • Mais de seis milhões de pessoas "lutam todos os dias" por água potável na Ucrânia, alertaram hoje as Nações Unidas. A situação é ainda mais crítica no leste do país, onde cerca de 1,4 milhões de pessoas já não têm água potável ao seu dispor, enquanto outras 4,6 milhões de várias zonas da Ucrânia estão com “acesso limitado” a este recurso fundamental. Recorde-se que “a má qualidade da água pode levar a doenças, incluindo cólera, diarreia, infeções cutâneas e outras doenças infecciosas mortais. As pessoas têm de viver aglomeradas e não conseguem seguir medidas básicas de higiene. Isto tem de ser resolvido”, salientou Osnat Lubrani, coordenador humanitário para a Ucrânia.
  • Entretanto, quase 4,8 milhões de ucranianos fugiram da Ucrânia desde a invasão pela Rússia, há 51 dias, dos quais quase 60% foram para a Polónia. Este é o maior afluxo de refugiados desde a II Guerra Mundial, sendo que cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia são mulheres e crianças, já que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar.
  • Este sábado, a União Europeia (UE) recebeu uma lista com 150 nomes de vítimas de violência sexual, entre mulheres e crianças ucranianas, estando a ser avaliada a retirada destas pessoas para tratamento em países do bloco europeu. “O horror não tem limites", como notou Remi Duflot, chefe da delegação da UE na Ucrânia.

Fora do terreno, o combate faz-se também a nível diplomático:

Ninguém sabe o que vai na cabeça de Putin — ainda que José Couto Nogueira o tente explorar um pouco mais neste texto — ou na de Zelensky, o que parece certo é que esta guerra não tem fim à vista, com custos humanos insustentáveis.

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