A adesão da Finlândia à NATO

Raquel Almeida
Raquel Almeida

A Finlândia tornou-se hoje o 31.º Estado-membro da NATO. A adesão já havia sido anunciada ontem, mas foi hoje que se tornou oficial, com a entrega da documentação pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

"Estamos juntos. A partir de agora um ataque à Finlândia é um ataque a todos, porque defendemos a premissa de que somos um por todos e todos por um. Estou orgulhoso de ser o secretário-geral da Aliança que acolhe a entrada da Finlândia na NATO", declarou Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, no seu discurso.

A adesão da Finlândia à NATO não fazia parte dos planos há um ano. Mas a agressão da Rússia à vizinha Ucrânia mudou o cenário, tornando a Aliança Atlântica atrativa por ser um "porto de abrigo", como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Muitas foram as reações positivas à adesão de um novo membro à NATO. Stoltenberg mostrou-se "orgulhoso" por ser secretário-geral da Aliança que acolhe a Finlândia. O secretário-geral já havia sublinhado a importância da adesão da Finlândia, por trazer "altas capacidades" para as forças de defesa da Aliança.

Marcelo Rebelo de Sousa não ficou de parte, saudando o Presidente da Finlândia e declarando o apoio "sem reservas" de Portugal, que já integra a NATO desde a sua fundação em 1949, a este "histórico alargamento".

Este é um golpe para a Rússia, que já havia alertado que, tornando-se membros da NATO, a Finlândia e a Suécia se tornam "alvos legítimos" para "retaliação". O Kremlin classificou a adesão da Finlândia à NATO como um "ataque à segurança" do seu país e prometeu tomar contramedidas.

O líder da NATO garantiu que estão "a monitorizar todos os passos da Rússia no que diz respeito às armas nucleares", não deixando de lembrar que "a NATO também é uma potência nuclear".

A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, também se manifestou, rejeitando que a adesão possa significar um escalar do conflito na Ucrânia e salientando que não só a Aliança fica mais forte, como Portugal "mais seguro".

Quanto à Suécia, ainda espera melhores dias. Apesar de terem apresentado os pedidos de adesão ao mesmo tempo, a Finlândia ultrapassou-a, dada a falta de apoio da Hungria e da Turquia, dois dos 30 membros da aliança de defesa.

Ainda assim, a adesão de hoje deixou o ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom, mais confiante e ansioso para ser o próximo. Confiança esta que já havia sido partilhada por Stoltenberg, que garantiu não ter dúvidas de que a Suécia será o 32.º Estado-membro - apesar de ainda haver questões a resolver.

E por 'questões a resolver' refere-se à exigência do Governo Turco de que a Suécia pare de apoiar grupos curdos, considerados terroristas por Ancara.

Com a invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro do ano passado, a Finlândia e a Suécia decidiram alterar a sua política de não-alinhamento militar, em vigor desde os anos 1990, ela mesma herdada de décadas de neutralidade, pedindo a adesão à NATO em maio de 2022.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel

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