Montenegro e a "pressa" em ser indigitado. Qual o motivo?

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Com poucas horas de intervalo, Luís Montenegro foi duas vezes a Belém falar com Marcelo. O motivo do regresso era óbvio quando anunciado: seria indigitado primeiro-ministro assim que os votos dos emigrantes fossem contados, o que aconteceu na madrugada desta quinta-feira.

Porquê esta "pressa" em ser indigitado? 

Na altura, Montenegro levantou logo a ponta do véu quanto ao motivo: "era importante fazê-lo hoje – nesta passagem do dia 20 para dia 21 - apesar desta hora tardia, visto que de manhã [hoje] terei uma reunião com a presidente da Comissão Europeia e com os meus colegas líderes de partidos políticos que compõem o Partido Popular Europeu”.

Assim, “era inviável” poder ser indigitado durante a manhã e, por outro lado, “era útil participar nestas reuniões já na condição de primeiro-ministro indigitado”.

Esta tarde, também o presidente da República explicou o motivo: Luís Montenegro deveria ir a Bruxelas já como primeiro-ministro indigitado — e foi o líder do PSD que “pediu que isso acontecesse”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “era importante” que Luís Montenegro “se encontrasse com o primeiro-ministro ainda em funções, que se encontrasse com a presidente da Comissão Europeia, que se encontrasse com os membros do PPE que irão estar amanhã [sexta-feira] no Conselho Europeu”.

“Como os temas são muito, muito pesados, tem a ver com tudo o que é importante, Ucrânia, Médio Oriente, abertura do caminho para negociações com vários países do Leste da Europa, não fazia sentido que amanhã fosse indigitado estando em Bruxelas”, referiu.

Mesmo assim, foi uma roda viva. “Foi um sacrifício” de Montenegro “porque ele partiu de Lisboa à uma da manhã para o Porto onde foi apanhar o avião para Bruxelas”.

Agora, o que se segue?

A Assembleia da República saída das legislativas de 10 de março deverá reunir-se pela primeira vez na terça-feira, dia 26 de março.

Nesta primeira sessão, os deputados irão eleger o próximo presidente da Assembleia da República, que sucederá ao socialista Augusto Santos Silva, uma vez que o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros falhou a eleição pelo círculo Fora da Europa nas últimas legislativas.

Também na próxima semana, no dia 28, Luís Montenegro volta a falar com Marcelo para apresentar a composição do futuro Governo.

Sabe-se ainda que a data da tomada de posse será no dia 2 de abril.

Afinal, qual o resultado destas eleições?

As duas coligações lideradas pelo PSD – AD (PSD/CDS/PPM) e Madeira Primeiro (PSD/CDS) – conseguiram 28,84% dos votos e 80 deputados, segundo os resultados provisórios da Secretaria-Geral do Ministério de Administração Interna - Administração Eleitoral.

O PS foi o segundo partido mais votado com 28% e 78 deputados, e o Chega obteve 18,07%, com 50 mandatos no novo parlamento.

A IL foi a quarta força política com 4,94% dos votos e com oito deputados, seguida do Bloco de Esquerda, com 4,36% e cinco deputados, e do PCP, com 3,17% e quatro deputados, os mesmos que o Livre, com 3,16%. O PAN manteve o seu deputado, com 1,95%.

De acordo com fontes parlamentares do PS e PSD contactadas pela Lusa, a expectativa é a de que o mapa oficial com o resultado das legislativas realizadas no passado dia 10 de março seja publicado no sábado, dia 23.

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