Os astrónomos captaram o grande buraco negro, localizado no centro de uma gigantesca galáxia a mil milhões de anos-luz da Terra, no momento em que engolia um "dilúvio intergalático", o que vem revelar um novo hábito alimentar destes buracos negros.
Anteriormente os astrónomos pensavam que, nas galáxias maiores, os buracos negros supermassivos tinham uma dieta lenta e contínua de gás quente ionizado vindo do halo da galáxia. As novas observações ALMA mostram que, quando as condições meteorológicas intergalácticas são as certas, os buracos negros podem igualmente “engolir” uma enorme quantidade de nuvens gigantes caóticas de gás molecular muito frio, indicou um comunicado divulgado nesta quarta-feira pelo observatório, localizado no deserto do Atacama.
"Esta é uma das primeiras provas claras que um observatório nos proporciona sobre um buraco negro supermassivo que se alimenta de uma chuva fria e caótica", afirma Frent Tremblay, astrónomo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que participou na descoberta. Tremblay e a sua equipa utilizaram o ALMA para observar o enxame invulgarmente brilhante de cerca de 50 galáxias, colectivamente chamadas Abell 2597. No seu centro situa-se uma galáxia elíptica massiva chamada, de forma descritiva, Galáxia Mais Brilhante do Enxame Abell 2597. Banhando o espaço entre estas galáxias, no interior do enxame, encontra-se uma atmosfera difusa de gás quente ionizado, que tinha sido anteriormente observado com o Observatório de raios X Chandra da NASA. “Este gás muito quente pode arrefecer rapidamente, condensar e precipitar, do mesmo modo que ar quente e húmido na atmosfera terrestre pode dar origem a nuvens de chuva e precipitação,” disse Tremblay. “As nuvens recentemente condensadas “chovem” depois na galáxia, dando origem à formação estelar e alimentando o seu buraco negro supermassivo.”
O telescópio ALMA conseguiu captar três nuvens de gás que viajavam a uma velocidade de 300 quilómetros por segundo para serem devoradas pelo buraco negro. Os astrónomos sustentam que pode haver mil nuvens semelhantes nas proximidades que poderão continuar a alimentar o buraco negro por muito mais tempo. Os astrónomos pretendem usar o ALMA para continuar a procurar estas "chuvas" em outras galáxias, com o objetivo de determinar se se trata de um fenómeno tão comum como é sugerido pela teoria atual.
Estes resultados aparecerão na revista especializada Nature a 9 de junho de 2016. O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) é o maior rádio-telescópio do mundo. Está localizado no norte do Chile, conta com 66 antenas e é controlado por uma associação internacional da Europa, América do Norte e do leste da Ásia em colaboração com o Chile.
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