O presidente Joe Biden abordou os benefícios da inteligência artificial (IA) e também os seus "enormes" riscos, durante uma reunião na Casa Branca com os líderes de gigantes tecnológicas, que se comprometeram a garantir proteção contra ciberataques, fraudes e desinformação.

"É incrível", disse Biden, destacando "a enorme promessa da IA, tanto em riscos para nossa sociedade, a nossa economia e a nossa segurança nacional, quanto em incríveis oportunidades".

Aos principais representantes da Amazon, Anthropic, Google, Inflection, Meta, Microsoft e OpenAI, Biden afirmou que essas mesmas empresas se comprometeram a "liderar a inovação responsável" à medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais presente na vida das pessoas e das empresas.

"Veremos mais mudanças tecnológicas nos próximos 10 anos ou até mesmo em menos anos do que vimos nos últimos 50 anos. Para mim, tem sido uma revelação surpreendente", declarou. "O grupo aqui presente será fundamental para orientar essa inovação com responsabilidade e segurança".

Antes da reunião, as sete gigantes comprometeram-se a implementar uma série de garantias que, segundo a Casa Branca, "enfatizarão três princípios que devem ser fundamentais para o futuro da IA: proteção, segurança e confiança".

Atualmente, a IA já aprende a realizar muitas das tarefas realizadas por pessoas, mas também apresenta riscos.

Por isso, as empresas concordaram em desenvolver "mecanismos técnicos sólidos", como sistemas de marcas d'água, para que os usuários saibam quando o conteúdo foi gerado por IA e não por pessoas.

À medida que as eleições presidenciais de 2024 se aproximam nos Estados Unidos, aumenta a preocupação de que imagens ou sons criados por inteligência artificial possam ser usados para fraudar ou desinformar.

O comité de campanha a Ron DeSantis, principal adversário de Donald Trump na disputa pela indicação do Partido Republicano, usou num anúncio publicitário uma voz falsa do ex-presidente gerada por IA.

Os consumidores precisam de "saber se o conteúdo está a ser gerado por IA ou não", afirmou um funcionário da Casa Branca.

"Enormes vantagens"

A iniciativa da Casa Branca é uma primeira tentativa de lidar com o crescente problema de como regular um setor que se desenvolve mais rápido do que o Congresso pode gerir.

Entre as promessas das sete empresas está a realização de "testes de segurança internos e externos" dos sistemas de IA antes do lançamento para detetar ameaças à biosegurança, cibersegurança e "efeitos sociais mais amplos".

Biden também planeia uma ordem executiva (com poderes limitados, mas que não requer aprovação do Congresso) sobre a segurança da IA.

Em declarações à plataforma Axios, o chefe de gabinete da Casa Branca, Keff Zients, afirmou que "uma legislação será necessária".

A Casa Branca afirma estar a trabalhar com aliados estrangeiros em busca de "um sólido quadro internacional que regule o desenvolvimento e o uso da IA" em todo o mundo.

O tema foi debatido durante a reunião do G7 no Japão em maio passado, e o Reino Unido prepara-se para sediar uma cúpula internacional sobre IA.

Biden considera que os governos e as sociedades devem reagir melhor à IA do que reagiram às plataformas sociais, cuja ascensão provocou preocupações generalizadas sobre os efeitos na saúde mental e na desinformação.

"As redes sociais mostraram-nos o dano que uma tecnologia poderosa pode causar sem as devidas garantias", disse Biden. "Devemos ser lúcidos e estar atentos às ameaças da tecnologia emergente para nossa democracia e para os nossos valores", afirmou. Mas a IA também tem um "enorme potencial positivo".