Naledi Pandor falava à Lusa à margem da cimeira "Atlantic Interactions" (Interações para o Atlântico), que visa preparar a criação do Centro Internacional de Investigação para o Atlântico nos Açores (Atlantic International Research Center, AIR Center), direcionado para a investigação sobre o Atlântico nas áreas dos oceanos, das alterações climáticas, do espaço, da atmosfera, das energias renováveis e do processamento de dados.
A ministra sul-africana elogiou a iniciativa do Governo português de inclusão de África na discussão preparatória do AIR Center, uma vez que "muitas organizações começam com iniciativas de impacto global, mas esquecem-se de falar com o resto do mundo".
No caso do AIR Center, salientou, estão envolvidos países africanos desde a conceção do projeto.
Segundo a titular da pasta da Ciência e Tecnologia da África do Sul, os cientistas, as instituições e os governantes africanos "devem ser envolvidos" em decisões e programas científicos "à escala global".
"Muitas pessoas falam em iniciativas globais, mas querem dizer 'quatro continentes'. Isso é inaceitável", assinalou, considerando "muito preocupante" a "exclusão de África das decisões" relacionadas com a ciência e a tecnologia.
A ministra defendeu uma maior participação das mulheres em cimeiras como a dos Açores e que a cooperação internacional em projetos ligados aos oceanos, como o AIR Center, deveria agregar outro tipo de parceiros, como as comunidades piscatórias e as nações insulares como as ilhas Fiji, devido ao impacto que as alterações climáticas exercem sobre elas.
Naledi Pandor reconheceu a falta de cientistas, equipamentos, como navios de pesquisa oceânica, e verbas dos países africanos para fazer investigação sobre o Atlântico.
"Não estamos a fazer a investigação que devíamos fazer", assumiu, apelando para o apoio de países com mais recursos.
O encontro internacional "Atlantic Interactions", que começou na quinta-feira com uma série de 'workshops', termina hoje, após várias rondas de debate entre governantes, empresários e cientistas de 29 países.
Participam também na cimeira, além de Portugal, delegações de Argentina, Bulgária, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Chipre, França, Alemanha, Grécia, Índia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Roménia, Coreia do Sul, Espanha, Suíça, Reino Unido, Uruguai e Estados Unidos.
O continente africano está representado por Angola, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Senegal, Angola e Cabo Verde, além da África do Sul.
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