Localizado em Braga, o INL [International Iberian Nanotechnology Laboratory] é um centro de investigação criado com o apoio dos governos espanhol e português, “no âmbito de um quadro internacional, para realizar investigação interdisciplinar e implementar a nanotecnologia para o benefício da sociedade”, explica Lars Montelius, diretor geral do laboratório.

Mas o que é a nanotecnologia? “É a ciência relacionada com a manipulação de materiais em escala molecular e atómica”. Considerando que “tudo no nosso planeta é composto por átomos — os alimentos que comemos, as roupas que vestimos, o carro que conduzimos, as casas em que vivemos e, mais importante, os nossos próprios corpos —, isto significa que a nanotecnologia pode ser aplicada de uma forma transversal a vários setores de atividade, alterando as propriedades dos materiais e tirando proveito das suas propriedades melhoradas”.

Aproveitando este ideal de transformação e mudança pela nanotecnologia, o INL coordena o FuEL DemoDay, um programa de aceleração financiado pelo PT2020, que tem ainda o CeNTI [Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes] e o IPN [Instituto Pedro Nunes] como parceiros, e está inserido no INL Summit.

E é hoje, 17 de outubro, que tudo vai acontecer. “Queremos apoiar o empreendedorismo relacionado à nanotecnologia e o FuEL é um instrumento importante para apoiar os empresários na sua fase de aceleração. Mas queríamos ir um pouco mais longe e apoiar as suas provas de conceito e ajudá-los a testar as suas ideias, abrindo os nossos laboratórios e centros de investigação para que os pudessem utilizar gratuitamente”, começa por explicar Lars Montelius.

Assim, no FuEL DemoDay, os empreendedores vão ser apoiados numa fase inicial e é ali que têm a oportunidade para fazer o seu pitch — contando apenas com três minutos. Vão estar presentes oito projetos, quatro provenientes das candidaturas ao programa e quatro que já tinham sido apoiados pelo INL no passado. Mas todos eles têm algo em comum: estão relacionados com nanotecnologia.

Para Lars Montelius, é preciso “começar do zero e ajudar novas empresas de nanotecnologia a crescer. Estas startup têm um grande potencial para aplicar os conceitos de nanotecnologia como KET [Key Enabling Technology], o que significa que os melhores projetos vão ser facilmente aplicados por grandes empresas que estão sempre à procura de novas aplicações que podem reinventar os seus negócios”.

Em Portugal, a nanotecnolgia — que é considerada uma “nova economia” que pode ser aplicada de forma transversal a diversas atividades — está a começar a crescer. “Temos já algumas startups que estão totalmente dedicadas ao trabalho com nanotecnologia, mas temos também grandes empresas, estabelecidas em Portugal e em todo o mundo, que estão a aplicar conceitos de nanotecnologia nos seus negócios diários. Alguns exemplos claros são o uso de nanopartículas personalizadas para administrar medicação diretamente nas células doentes, no setor da saúde, ou até dispositivos eletrónicos de pequena escala como sensores utilizados na indústria automóvel com baixo peso e consumo de energia”, explica.

Por isso, a nanotecnologia pode começar a ser vista como resposta para alguns problemas da sociedade. “Se pensamos que a solução para algumas doenças pode estar na aplicação de nanotecnologia ou que a nanotecnologia pode ajudar a economia circular para reutilizar alguns produtos residuais e de baixo valor, podemos facilmente chegar ao entendimento de que, realmente, a nanotecnologia pode criar um ‘mundo melhor’. E algumas destas coisas já estão a acontecer agora”.


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