Neste 2021, em que não poucas coisas estão a mudar no mundo laboral, já todos sabemos que existem os que trabalham no escritório e os que trabalham em casa. O que muitos não sabem é que existem também aqueles que encontraram locais que, não sendo escritórios, são ambientes propícios à criatividade. Os chamados espaços de cowork funcionam como salas partilhadas entre pessoas de diferentes ramos e organizações e/ou disponibilizam a várias empresas estúdios privados num mesmo edifício para que estas possam desenvolver os seus projetos.
Mas esta ideia não é nova. Foi em 2005 que começou a ter mais consistência, quando Brad Neuberg escreveu sobre o conceito de criar uma comunidade de cowork. À época, o engenheiro de machine learning norte-americano estava insatisfeito com o seu trabalho e concebeu um modelo onde poderia desenvolver os seus próprios projetos, mas sem estar isolado e tendo um local onde pudesse trabalhar, o que não acontecia com a maioria dos profissionais independentes.
Assim nasceu o San Francisco Coworking Space, como primeiro espaço de cowork, apesar de já terem existido projetos que funcionaram como uma espécie de teste para este modelo nos anos 90 quando algumas empresas nos Estados Unidos procuraram reduzir custos, agregando colaboradores no mesmo local. E, claro, numa altura em que surgia a internet e, com ela, uma série de profissões novas. Serve de exemplo a Google que, em 1999, mudou as suas instalações para um escritório grande e aberto, em Palo Alto, na Califórnia.
Em 2019, os dados mostravam que Portugal era o 12º em 80 países analisados com mais espaços de cowork, mais precisamente 42. Segundo este artigo do ISCTE, que cita a Global Coworking Census, dentro da Europa, o nosso país vinha em sétimo lugar, atrás da Alemanha (230 espaços), de Espanha (199 espaços), do Reino Unido (154), de França (121), de Itália (91), e da Polónia (44). Um dos dados mais relevantes deste estudo tinha que ver com o aumento da utilização destes locais: 87% em apenas 12 meses.
A ameaça da COVID-19 fez-nos perceber que o trabalho presencial não é a única forma de estabelecer contacto entre colegas, parceiros e clientes. Os regimes de teletrabalho e trabalho híbrido ganharam força pela sua conveniência financeira para as empresas, que passam a poder gastar menos no arrendamento de instalações, e pelo facto de proporcionaram uma melhor gestão da vida pessoal e profissional dos trabalhadores. No caso do trabalho híbrido é de notar que este modelo é aquele que 9 em cada 10 empresas querem adotar atualmente. Assim, prevê-se que, em 2022, o número global de pessoas a trabalhar em comunidades de coworking ronde os 5,1 milhões.
O LACS é um destes espaços e hoje, 9 de agosto, Dia Internacional do Coworking, vai abrir portas a todos. O cluster criativo que conta com três edifícios, dois em Lisboa e um em Cascais, convida os interessados em saber como é trabalhar num cowork a experimentar de forma gratuita. Os amigos de quatro patas também são bem-vindos. Assumindo a promoção do bem-estar como um dos valores de referência, o LACS é dog friendly, e será natural ver donos e cães a cruzarem-se no espaço.
Os coworks são uma proposta que permite separar o local de descanso do local de trabalho e estabelecer novas redes de contactos, seja com um possível parceiro de negócio ou com um amigo que se fez depois de um “Bom dia” no elevador. Numa altura em que as vacinas já permitem uma maior segurança sobre o regresso a espaços comuns, apresenta-se como uma solução para abraçar as novas realidades do trabalho, sem esquecer as normas vigentes associadas à pandemia.
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