O homem que fundou a PDD Holdings, empresa-mãe da plataforma de compras online Temu, é a pessoa mais rica da China, com uma fortuna avaliada em 50,2 mil milhões de dólares (cerca de 45,7 mil milhões de euros), de acordo com o índice de milionários da Bloomberg. O chinês Colin Huang substituiu no primeiro lugar do pódio o magnata da água engarrafada Zhong Shanshan, CEO da empresa de bebidas Nongfu Spring, que detinha o título desde abril de 2021.
Como é que o milionário chegou até aqui? O primeiro emprego “a sério” de Huang leva-nos até 2004, ano em que começou a trabalhar como engenheiro na Google, empresa que ajudou a expandir na China. A passagem pela que é hoje a gigante da tecnologia não durou muito e Colin Huang demitiu-se em 2007, com liberdade financeira suficiente para se aventurar por outras paragens: o e-commerce. Estreou-se no setor ao fundar a plataforma Ouku, que na altura vendia produtos como telemóveis e eletrodomésticos. Acabou por vender a empresa três anos depois. No currículo, tem também a Leqi, que ajudava marcas estrangeiras a promover as suas lojas online em plataformas chinesas de e-commerce como a Tmall e a JD.com, e um estúdio de jogos chamado Xunmeng.
Nasce a Pinduoduo
A empresa que lhe tratia maior fama e proveito viu a luz do dia em 2015, ano em que Huang lançou a Pinduoduo, um marketplace conhecido pelos produtos baratos, grandes promoções (e tempos de entrega incertos em muitos casos), num esforço para ganhar terreno num mercado dominado pela Alibaba e pela JD.com. A aposta viria a pagar dividendos anos mais tarde, em parte por causa da pandemia, já que a Pinduoduo levou o chinês ao ranking dos mais ricos do mundo, ao atingir uma fortuna avaliada em 71,5 mil milhões de dólares (cerca de 65 mil milhões de euros) no início de 2021.
No entanto, como escreve a Bloomberg, a maré virou e no espaço de um ano a fortuna de Colin Huang caiu 87%, uma descida que pode ser explicada com o alívio das restrições à COVID-19, nomeadamente o desconfinamento, e a ofensiva de Pequim contra as gigantes de tecnologia do próprio país, uma tentativa do Presidente Xi Jinping para travar as práticas anticoncorrenciais entre as grandes empresas em solo chinês.
Temu vem ao salvamento
Eis que, em 2022, a Pinduoduo (que mais tarde passou a chamar-se PDD Holdings para abranger os outros negócios da empresa) iniciou a sua expansão internacional sob a marca Temu. Esta decisão viria a revelar-se certeira e ajudou a contrariar uma economia doméstica considerada fraca, explica a Bloomberg. Prova disso são os resultados do ano seguinte, em que a operadora da Temu registou um lucro de mais de 7,7 mil milhões de euros, mais 90% do que em 2022. Por esta altura, Colin Huang já não estava na liderança da empresa, mas escolheu manter uma participação de 25% na Pinduoduo. A estratégia de internacionalização é a mesma jogada que a rede social chinesa Douyin fez enquanto TikTok, por exemplo.
Atualmente, a empresa-mãe PDD Holdings está avaliada em mais de 200 mil milhões de dólares (mais de 180 mil milhões de euros). Para isso contribuiu uma estratégia agressiva de marketing, incluindo anúncios em grandes eventos como o Super Bowl e parcerias com influencers, que levaram a marca Temu a consumidores de todos os cantos do mundo. A empresa partilha o mercado com rivais chineses como a Shein, TikTok Shop ou a filial internacional da Alibaba, AliExpress.
Críticas começaram a surgir e medidas apertam o cerco à Temu
Apesar do sucesso, a empresa enfrenta críticas pelas suas práticas laborais e pela pressão que exerce sobre os fornecedores locais, que protestam contra as multas que consideram exageradamente elevadas por motivos como o mau serviço ao cliente. A Temu também foi acusada de reter o pagamento de produtos vendidos e há alegações de que a sua proprietária, a PPD Holdings, sujeita os seus funcionários a um horário de trabalho de 12 horas, mais horas extraordinárias.
Além disso, como conta o Financial Times, a Comissão Europeia está a preparar-se para impor taxas alfandegárias sobre produtos baratos comprados em retalhistas online chineses, incluindo a Temu e a Shein, “numa tentativa de conter um aumento do que a UE afirma serem artigos de qualidade inferior provenientes da China”, segundo o jornal. Assim, a Comissão Europeia deverá sugerir a eliminação do atual limite de 150 euros que os produtos podem ser importados sem taxas, de maneira a proteger as suas próprias empresas contra os preços reduzidos das plataformas chinesas. Isto poderá dificultar a venda dos produtos da Temu ao seu nível de preços atual.
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