Estreou há uma semana o mais recente filme biográfico sobre Winston Churchill, o primeiro ministro britânico que liderou o povo inglês durante a segunda guerra mundial. Um homem que não precisa de apresentações, Churchill, tem certamente muito para nos contar, uma vida preenchida de emoções e de conquistas, entre as quais se conta inclusive ter ganho o Prémio Nobel da Literatura. Desta vida cheia, Jonathan Teplitzky, o realizador deste "Churchill" em exibição, escolheu um momento específico, os cinco dias que antecedem o “Dia D”, a partir dos quais procura traçar o retrato do homem e do estadista.
Foi no dia 6 de Junho de 1944 que se pôs em marcha a operação Overlord, um movimento militar por parte dos Aliados que decorreu no norte de França e que tinha como objetivo derrotar o exército nazi a partir da Normandia, obrigando o inimigo a recuar na sua invasão. Nesta grande operação, considerada a maior operação anfíbia de todos os tempos, estiveram envolvidos cerca de 160 mil homens e mais de 5000 navios que lutaram ao longo de 80 km de costa. O Dia D é precisamente o dia em que este movimento militar se iniciou. Um dia de uma operação à qual o primeiro ministro inglês se opôs, preocupado com a fraca probabilidade de sucesso e com a possibilidade de perder centenas de milhares de vidas de jovens soldados. A longa metragem retrata de forma exaustiva a excessiva preocupação de Churchill e as suas tentativas de fazer parar o movimento militar. E é precisamente aí que surge o principal problema do filme.
Sendo um filme bem construído, acaba por ser bastante redutor e não é por apenas por nos contar cinco dias da vida de Churchill. É certo de que este episódio da história é bastante importante para a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. É também verdade que este é provavelmente o episódio em que Churchill está mais vulnerável e derrotado (o que poderia sem dúvida ser um bom ângulo de partida para apresentar uma personalidade tão relevante). Mas o resultado final acaba de ficar aquém das possibilidades e da riqueza da personalidade que o filme se propõe retratar.
Repetitivo e talvez demasiado romântico (podemos mesmo dizer lamechas), o filme decorre a um ritmo de fácil leitura, ainda que por vezes lento. Destaca-se a performance de Brian Cox, com momentos de exceção como o do discurso final, mas também a representação de outros papéis secundários, com especial relevância para Miranda Richardson. A música é excessivamente utilizada, não sobrando espaço para o silêncio quando é necessário. É destes excessos e de algumas ausências que se faz o balanço deste filme.
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