“Estamos em obra já há alguns meses, a intenção é que [a abertura] seja entre novembro e dezembro, embora ainda não seja possível adiantar um dia exato” adiantou a vice-presidente para a Península Ibérica Ana Alcobia, em declarações hoje à Lusa.
Ana Alcobia explica que, a abertura do espaço durante a época baixa do turismo permite à Time Out cumprir o objetivo de manter o foco do projeto no público local, dando-lhe oportunidade de conhecer “a pequena amostra daquilo que a cidade do Porto tem de melhor”.
O projeto da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura, prémio Pritzker de arquitetura em 2011, ocupará uma área de cerca de dois mil metros quadrados, num total de 14 restaurantes, dois bares, incluindo uma torre com espaço para eventos e um 'lounge' exterior com vista para a cidade e a Torre dos Clérigos.
A intervenção, cujas obras avançaram em março, implica a recuperação do edifício existente, anteriormente utilizado como zona de apoio à estação, assim como o espaço exterior.
Construída ao lado do edifício principal, a torre de 21 metros, em ferro e vidro, “inspirada nos antigos reservatórios de água que existiam junto às linhas de comboio” é, salienta Ana Alcobia, “a grande peça central e fundamental” do projeto que, no respeito pela DNA do edifício, acaba por ser “uma renovação”.
A responsável disse ainda não temer o regresso da contestação em torno da construção da torre, mostrando-se confiante que “instalação” de Souto Moura irá ser entendida como “uma peça de arte”.
Aquando do seu anúncio, em 2016, o projeto foi alvo de críticas, tendo o seu promotor, em 2017, ano para o qual estava pensada a sua abertura, decido suspender a apreciação do Pedido de Informação Prévia (PIP) relativo ao mercado que pretendiam instalar na Estação de S. Bento, depois de críticas do, à data, vereador do Urbanismo, Rui Losa, que apelidou de "inqualificável" a proposta da Time Out para a estação, classificada como monumento nacional.
À data, João Cepeda, responsável pela expansão do projeto que nasceu no Mercado da Ribeira, em Lisboa, sublinhou que a suspensão era “uma pausa” no processo e não uma desistência.
Envolto em polémica desde então, o projeto viria a ser aprovado, em maio 2019, pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), apesar das críticas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS, órgão consultivo da UNESCO para o património, que recomendou que o projeto não fosse aceite.
Num primeiro parecer, de 02 de abril de 2018, o ICOMOS defendia que o projeto era um "exemplo de demolição excessiva" e "fachadismo" e não tinha "em conta as recomendações internacionais em matéria de intervenção sobre património construído".
Sobre a torre de 21 metros, considerava que "não teria impacto visual no meio envolvente", uma vez que, "na sua cota máxima, não ultrapassa a cota da gare”, posição que viria a alterar após informações adicionais, recomendando a sua redução.
Em janeiro de 2021, o projeto surgiu como uma das 14 obras ou projetos que punham em risco o valor patrimonial do Centro Histórico do Porto classificado como património mundial desde 1996, incluído no mais recente Relatório Mundial sobre Monumentos e Sítios em Perigo.
Após a aprovação DGPC e da Câmara do Porto, em 2019, o início das obras para a instalação do Time Out Market sofreu, contudo, vários reveses, com o presidente da Time Out Market, João Cepeda, em declarações à Lusa em janeiro de 2022, a escusar-se a antecipar o seu avanço no terreno, depois das anteriores previsões terem falhado.
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