“Num país com 308 concelhos, há cerca de 700 bandas filarmónicas, quase o dobro do número de municípios”, disse hoje à agência Lusa o presidente do município, Vítor Proença.

Segundo o autarca, “não há nenhum município que não tenha a sua filarmónica” e existem até casos de concelhos no país “com uma dezena de bandas”.

A candidatura vai ser liderada pela Câmara de Alcácer do Sal, com o apoio da Fundação Inatel e das três bandas filarmónicas do concelho, duas delas com mais de um século de “atividade ininterrupta”, segundo Vítor Proença.

“Foi a câmara que teve a ideia e que lidera a candidatura apoiada pela Fundação Inatel e pelas três bandas filarmónicas de Alcácer do Sal: a Filarmónica Amizade Visconde de Alcácer, a Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba e a Sociedade 1.º de Janeiro Torranense, de Torrão”, precisou.

O processo de candidatura à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) é apresentado no sábado, em Lisboa, e tem como coordenador o antropólogo Paulo Lima, que “já esteve envolvido noutras candidaturas bem-sucedidas”, como a do fado, cante alentejano e da arte do fabrico de chocalhos.

“Nunca ninguém se tinha lembrado da música filarmónica como um bem cultural, rico e diversificado, um elemento de paz e de aprendizagem de tanta gente que, iniciando, na sua juventude, o contacto com a música e a parte instrumental, promoveu pessoas com uma grande formação musical e cultural”, sublinhou Vítor Proença.

Segundo o autarca, a candidatura, que “não envolve outros municípios”, tem como foco “os músicos, maestros e bandas filarmónicas” e quer valorizar o papel destas organizações que, apesar da sua longevidade, vivem “com dificuldades” e “têm nos associados, músicos e autarquias locais o grande fator de apoio”.

A previsão é a de que a candidatura, que tem como comissário o maestro António Victorino d’Almeida, possa ser lançada no primeiro trimestre de 2019, revelou o autarca.

“Nunca, até ao momento, alguém se lembrou disto, nem Itália, nem França, nem Espanha e nem mesmo Portugal colocaram esta hipótese. E isto serve-nos de bandeira para a candidatura que precisa do apoio de todos os portugueses, músicos, filarmónicas, maestros porque é um movimento para criar inclusões”, frisou.

No concelho de Alcácer do Sal, referiu Vítor Proença, a filarmónica mais antiga é a Amizade Visconde de Alcácer, que "completou 188 anos de atividade ininterrupta", tendo também a Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba, mais conhecida por Pazoa, "137 anos de vida sem interrupções".

“Está a ser já desenvolvido um trabalho de identificação de todas as bandas filarmónicas do país e um trabalho de criação de uma plataforma que será a grande base de desenvolvimento da candidatura”, para que “possamos ter os elementos prontos para apresentar a candidatura até final de março de 2019”, esclareceu.

A apresentação oficial da candidatura está agendada para o Teatro da Trindade, em Lisboa, às 17:00 de sábado.

A cerimónia insere-se nas comemorações do Dia Nacional das Bandas Filarmónicas e do 15.º aniversário da adoção pela UNESCO da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial.