A iniciativa reúne 18 nomes nacionais e internacionais, sob a curadoria de Pauline Foessel e Pedro Alonzo, que apresentarão durante estes quase seis meses instalações únicas - e efémeras, que só vão durar durante aquela exposição
“São 18 artistas de topo mundial. Isto é quase um sonho, é como organizar o NOS Alive e serem todos cabeças de cartaz”, afirma ao SAPO24 Álvaro Covões.
O lineup do projeto apresentado como “a maior exposição de arte urbana em território nacional” integra os seguintes artistas: ±MaisMenos±; Add Fuel; AkaCorleone; André Saraiva; Barry McGee; Felipe Pantone; Futura; Jason Revok; Lee Quiñones; Martha Cooper; Maya Hayuk; Nuno Viegas; Obey SKTR; Shepard Fairey; Swoon; Tamara Alves; Vhils; Wasted Rita.
A Urban(R)Evolution não é a estreia de Álvaro Covões no setor das exposições, mas marca uma nova etapa não assim tão diferente daquela que se viveu na década de 90 quando a música passou de evento raro a uma agenda semanal como hoje acontece.
Enquanto promotor, confirma Álvaro Covões, o objetivo é o mesmo e chama-se democratização.
“Nós tratamos uma exposição como se fosse um concerto dos Coldplay”
“Isso é a nossa aposta. As exposições era um território das grandes instituições como a Gulbenkian, CCB, os museus nacionais e as autarquias e nós achámos que o setor privado também tem voz e acima de tudo talvez seja o único que tem capacidade de atrair públicos novos - que é o que nós fazemos”.
Se dúvidas houver sobre a abordagem, a frase seguinte esclarece-as: “Nós tratamos uma exposição como se fosse um concerto dos Coldplay”.
E, no atual contexto, incluindo o da exposição de Portugal no mundo através do turismo, Álvaro Covões considera que estão reunidas as condições para se dar um salto em frente na forma como tem lugar o consumo de arte. “Eu sei que os puristas de arte acham que há formas de arte que são só para os amigos, mas isso está completamente errado. A democratização é chamar toda a gente”.
Para trás, ficam algumas experiências que ajudaram a cimentar esta convicção e, no que respeita à componente de negócio, a identificar uma oportunidade nova no mercado cultural.
“Lembro-me quando fizemos a exposição do Museu Prado em parceria com a DGPC no Museu Nacional de Arte Antiga, íamos no carro a caminho da conferência de imprensa – eu, o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga e o diretor do Museu do Prado. Na 24 de Julho passa um comboio todo decorado com a exposição, e diz o espanhol “Antonio, mira el trem”. Estava encantado. É esta a forma de comunicar, tal como se comunica música”.
O momento da arte é não só de democratização como de valorização. Obras de artistas que não são sequer os mais mediáticos atingem valores na casa das várias centenas de milhares de euros e obras de artistas jovens em início de carreira as várias dezenas. Isto apesar de um ano mais conservador, pela incerteza económica, também porque hoje a arte efetivamente já se democratizou em vários mercados e não são apenas os muito ricos a comprar obras de autor. Nem todos terão uma carteira que permita disputar obras como a “Spider” de Louise Bourgeois, vendida na Art Basel que teve lugar este mês de junho, na Suíça, por 40 milhões de euros, mas a procura por obras dos artistas “quentes” do momento é alta e com um público mais jovem e mais global.
Razões que fazem Álvaro Covões reconhecer um padrão que viu há 30 anos na música.
“Quando comecei, no início dos anos 90, identifiquei uma grande oportunidade. Em Madrid, Barcelona, Paris, Amesterdão, Frankfurt, Berlim, Londres havia concertos pop-rock todos os dias, em Lisboa, de música internacional havia um de dois em dois meses, e no verão havia três ou quatro concertos de estádio em Alvalade. Não passava disto.”
É o que acontece, afirma, atualmente na oferta cultural ao nível da arte, em Portugal. “A sociedade é cada vez mais global. A arte tem de ser acessível a todos e não só a alguns”.
O que vamos ver na Urban(R)Evolution
A exposição que a Cordoaria recebe a partir deste dia 21 de junho narra “o fascinante desenvolvimento da arte urbana, começando pelas suas fases iniciais na forma de tags, graffiti e pinturas no Metro, progredindo através do influente período intermediário até, eventualmente, dar origem à street art”.
É o que nos conta a apresentação dos promotores, recordando que a arte urbana desenvolveu-se inicialmente com base na tinta spray e pasta de trigo, mas rapidamente evoluiu para incorporar várias técnicas de todo o mundo. “A combinação explosiva de graffiti, breakdancing e rap levou a uma explosão global de expressão popular”, pode aina ler-se.
A baixa barreira de entrada, requerendo que os artistas aprendessem nas ruas em vez de academias exclusivas, permitiu uma participação ampla nas três disciplinas distintas de música, dança e pintura, que haviam permanecido maioritariamente inacessíveis até ao final da década de 1970 e início da década de 1980. Ideias, moda, música, dança e imagética da arte urbana infiltraram os media, tornando-se um aspeto definidor da cultura popular.
Esta evolução é apresentada na exposição através da perspetiva da conceituada fotógrafa norte americana Martha Cooper cuja visão cria a linha condutora.
A estrutura da exposição revela-se através de núcleos intervencionados pessoalmente por cada um dos artistas durante o processo de montagem, criando espaços imersivos concebidos especialmente para esta exposição, e que refletem os diversos estilos e técnicas que evoluíram desde a génese da arte urbana até ao presente.
Sobre a escolha do espaço da Cordoaria Nacional, os promotores sublinham que “a dimensão, diversidade e componente experiencial da exposição foram fatores decisivos”.
O aspeto revolucionário da exposição reside na acessibilidade intencional das obras do movimento da arte urbana. “A abertura dos artistas para trabalhar em qualquer superfície e o seu uso de diversos suportes e técnicas – mais do que outro qualquer movimento artístico – foram decisivos para um movimento artístico global”.
É esse o âmbito da Urban(R)Evolution que vai estar em exibição até dezembro de 2023 e que que explora “a explosão criativa que varreu o mundo, facilitada pelo poder dos media e a baixa barreira de entrada para os artistas, e com uma natureza marcadamente democrática”.
Os bilhetes individuais para adultos custam entre 13 e 15 euros (dias de semana ou fins de semana) e o pack família entre os 29 euros e os 37 euros (também consoante seja em dias de semana ou fins de semana e contemplando uma ou duas crianças). Há preços especiais para estudantes, pessoas com mobilidade condicionada e séniores.
Os horários da exposição são todos os dias das 10h30 às 19h30.
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