Na nota de imprensa enviada à agência Lusa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, justifica que galardoar Lourdes Castro com a Medalha de Mérito Cultural é "um mais que justo reconhecimento de uma artista maior, e do valor e espaço insubstituível que ocupa na história de arte, tanto portuguesa, quanto mundial".

"Tendo exposto em todo mundo, e com uma obra amplamente representada nas grandes coleções nacionais, das suas inconfundíveis sombras aos livros de artista, Lourdes Castro construiu algumas das peças mais emblemáticas e reconhecíveis da arte contemporânea portuguesa", destaca a ministra, sobre a vida e obra da artista, que esteve sempre "em permanente diálogo e complemento".

Nascida no Funchal, a 09 de dezembro de 1930, Lourdes Castro desenvolve a sua obra desde finais da década de 1950, com um percurso artístico multifacetado, com recurso a técnicas e processos muito próprios, e que "mostram a sua profunda sensibilidade face à impermanência e a atenção particular com que o seu olhar artístico se relaciona com o mundo".

Do início do seu percurso, destaca-se a criação da revista KWY, em conjunto com René Bértholo e outros artistas, "momento fulcral para a internacionalização das artes plásticas portuguesas", com a adoção de novas técnicas e linguagens "que agitaram e mudaram significativamente o panorama artístico nacional".

"O lugar que a arte contemporânea portuguesa hoje ocupa é inseparável do contributo que esta geração de artistas da qual Lourdes Castro fez parte e que levou a nossa criatividade e talento mais longe que nunca", releva ainda a ministra.

A governante sublinha também a importância do trabalho arquivista de Lourdes Castro, cuidando dos documentos, obras, fotos e da correspondência com vários artistas, críticos, curadores, agentes da cultura mundial desde os anos 1950 até hoje, e que representam um outro testemunho do seu percurso e do seu impacto.

"Em Lourdes Castro a vida e o quotidiano são como as obras maiores, como mostra o recolhimento na ilha natal, com o seu companheiro Manuel Zimbro, desde meados dos anos 1980, vivendo e dando atenção ao aqui e agora", recorda Graça Fonseca na mesma nota sobre aquele artista, falecido em 2003.

A nota do ministério justifica ainda que a Medalha de Mérito Cultural, e o reconhecimento que esta distinção traduz, "vêm, assim, fazer justiça e dar forma pública a uma homenagem há muito devida a uma artista maior da cultura portuguesa, não só pelo seu talento e criatividade, mas também pela influência e pelo respeito que lhe têm os criadores contemporâneos, seja enquanto artista, seja enquanto exemplo de postura estética e ética".

Fonte do Ministério da Cultura indicou à agência Lusa que o local e a data da entrega "serão anunciados oportunamente".

Em 2000, Lourdes Castro recebeu o Grande Prémio EDP Arte e, em 2004, foi reconhecida com o Prémio Celpa/Vieira da Silva – Artes Plásticas Consagração. Com Francisco Castro Rodrigues foi distinguida, na edição de 2010, dos prémios da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte.

Em 2015, a artista recebeu, na Capela do Rato, em Lisboa, o Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes, atribuído pela Igreja Católica para realçar uma figura com percurso de humanismo e experiência cristã.