O volume de mais de 300 páginas e cerca de uma centena de receitas vai ser apresentado na segunda-feira no espaço Vintage Department, em Lisboa, no âmbito da Lisbon Food Week, apesar de a edição em português só estar programada para a primavera de 2018.
"É acerca de Lisboa e eu sou lisboeta. É acerca de mim, das minhas histórias, é um livro muito pessoal. É uma carta de amor à cidade", afirmou o autor à agência Lusa.
Na obra vêm incluídos encartes com textos que explicam o contexto social e cultural de Lisboa, é ilustrada com fotografias de locais e residentes da cidade e todas as receitas têm um comentário, alguns dos quais íntimos, relacionados com experiências familiares.
O projeto surgiu após ter escrito, no final de 2016, um livro de receitas do restaurante Chiltern Firehouse, em Londres, onde é cozinheiro executivo, e de ter ponderado compilar as receitas do Viajante, o restaurante com uma estrela Michelin que dirigiu na capital britânica entre 2010 e 2014.
Mas acabou por decidir produzir um livro "palpável, acessível, que não é abstrato", com receitas de empadas, pastéis de massa tenra, rissóis, croquetes, feijoada, bacalhau à Brás, papos de anjo, carne de porco à alentejana, cataplana, açorda ou caldo verde.
Em vez de dividir a obra por secções de entradas, pratos de carne e peixe e, por fim, sobremesas, como outras obras do género, organizou as receitas de acordo com "o ritmo da cidade", que começa bolos ao pequeno-almoço, um salgado a meio da manhã, um almoço leve seguido, à tarde, por petiscos, um jantar substancial e, ao fim da noite, sanduíches.
"É como um dia na vida de Lisboa. Se calhar é um dia longo, e em que se come e bebe bastante, mas é assim que eu me lembro de Lisboa", garante.
Algumas das receitas fazem parte da ementa da Taberna do Mercado, o restaurante que abriu em 2015 na cidade onde reside há mais de uma década, outras são originais, e todas têm com o seu toque pessoal.
Apesar de terem sido desenvolvidas e testadas na sua própria cozinha na casa no este de Londres onde vive com a mulher e três filhos, para o livro foram elaboradas na cidade onde nasceu.
"Como é que eu vou fazer um livro sobre Lisboa sem ser em Lisboa? Foi tudo fotografado em Lisboa. O produto que está no prato é de Lisboa, a luz é de Lisboa", realçou.
O facto de ser lançado primeiro em língua inglesa, admitiu, poderá fazer chegar a obra a uma audiência mais vasta e variada, não só no Reino Unido, mas noutros países, como na Austrália ou no Japão, e ajudar a promover a gastronomia nacional.
"Espero que dê uma boa visibilidade a Portugal. Este livro foi feito para muita gente, mas eu gostava de o mostrar a quem não conhece Portugal. Não é só para virem à Taberna, mas para irem a Lisboa e ganharem um entusiasmo pela cozinha lisboeta e pelos sabores portugueses", vincou.
Nuno Mendes está entusiasmado com o dinamismo que se vive em Lisboa, sobretudo na área da gastronomia, e com o movimento que tem vindo a recuperar e a valorizar produtos, técnicas e receitas portuguesas.
"Eu acho que, apesar de estar fora, faço parte desse movimento. Enquadro-me bem com muitos dos cozinheiros que estão a trabalhar agora em Lisboa e com as memórias e alicerces que criaram isto tudo, as pessoas que nos inspiraram: as nossas avós, os sítios onde comemos em Lisboa e à volta de Portugal", enfatizou.
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