Os rarámuris - que significa "pés ligeiros" - são um povo mexicano de camponeses. Embora são sejam desportistas de elite, destacam-se nas ultramaratonas, dentro e fora do México. Como preparação utilizam apenas o seu dia-a-dia, o que os deixa preparados para enfrentar provas de dezenas de quilómetros pelas montanhas.
O jornalista norte-americano Christopher McDougall, no seu livro Nascido para Correr, afirma que “os rarámuris não treinam nem reduzem distâncias como parte da sua preparação. Não fazem alongamentos nem aquecimento. Apenas se aproximam da linha de saída a rir e a fazer piadas... E depois correm rápido como um ladrão durante as quarenta e oito horas seguintes”, cita o El País.
Lorena Ramírez é a primeira mulher a correr numa ultramaratona na Europa, em Tenerife, a 10 de junho. Para a prova, a preparação foi quase inexistente. O irmão, Mario, de 26 anos, acredita que deviam começar a treinar mais, mas os pais não são da mesma opinião: cansar-se muito antes da prova não tem nada de positivo.
Além do que andam no seu trabalho nos campos de maçãs - quando é altura de aí trabalhar -, todos as tardes fazem caminhadas, chegando até aos 20 quilómetros. No entanto, não são percursos simples: as ultramaratonas percorrem montanhas e, por isso, aproveitam a sua localização geográfica para esse treino - estão rodeados pelas Barrancas del Cobre.
Outra característica importante é a utilização de sandálias - huaraches - planas desde crianças. Assim, o pé tem maior aderência ao terreno: é o meio do pé que faz força no solo e não o calcanhar. Ao contrário dos ténis, este tipo de calçado não escorrega.
A própria alimentação deste povo ajuda ao alto rendimento na competição. As suas refeições incluem milho moído (carboidratos) e feijão (proteínas).
Na ultramaratona Tenerife Blue Trail, a jovem irá competir na categoria de 97 quilómetros, juntamente com o irmão. Em abril, a corredora de 22 anos venceu a ultramaratona de 50 km em Tlatlauquitepec, no centro do México.
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