“Elza Soares regressa a Portugal para se apresentar ao vivo no Coliseu dos Recreios a 03 de junho, após a triunfal apresentação de ‘A Mulher do Fim do Mundo’ no Vodafone Mexefest e antes de se estrear no NOS Primavera Sound, no Porto”, refere a promotora do concerto no comunicado hoje divulgado.

Os concertos de junho terão por base o álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, o primeiro de inéditos da cantora em cerca de 60 anos de carreira, que foi distinguido como melhor álbum de música popular brasileira nos Grammy Latinos e melhor disco do ano de 2015 pela revista Rolling Stone Brasil, para além de outros prémios.

"A Mulher do Fim do Mundo" é "um álbum apocalíptico de samba sujo experimental", no qual "aborda temas como o racismo, a violência doméstica, a transexualidade e as drogas".

Elza Soares, que surge nos ecrãs televisivos nos anos de 1950 nasceu numa favela, foi mãe adolescente, enfrentou a morte de quatro filhos e a morte de companheiros, como o ex-futebolista Garrincha, enfrentou preconceitos, viu a carreira soçobrar por várias vezes e renasceu sempre, através da música.

No seu percurso destacam-se álbuns como “A bossa negra” (1960) “Sambossa” (1963), "Elza pede passagem" (1972) e "Lição de vida" (1976), "Elza negra negra" (1980), "Alegria do povo", "Somos todos iguais” (1985) e “Voltei” (1988), “Trajetória” (1997) ou o mais recente "Do cóccix até ao pescoço", publicado em 2002, pouco depois de a BBC Radio a ter incluído entre as melhores vozes do milénio.

Em 1984, com Caetano Veloso, cantou "Língua", o 'samba-rap' que se transformou num dos maiores sucessos da música brasileira - "Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões" -, em que ambos 'refazem' o idioma em neologismos e apelam à criação de uma "frátria", uma pátria fraterna, mais do que "pátria" ou do que "mátria".

A cantora atuou em novembro em Portugal na Casa da Música, no Porto, no Festival Sons em Trânsito, em Aveiro, e no Mexefest, em Lisboa.