A atriz Emma Watson há muito que deixou de ser apenas a Hermione na saga "Harry Potter". Fora do mundo imaginário de Hogwarts criado por J. K. Rowling, a britânica de 26 anos é Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres - entidade das Nações Unidas encarregue de promover a igualdade de género. E, desde que abraçou o cargo, tirou um ano sabático para estudar o feminismo e tem trabalho em prol dos direitos das mulheres, fazendo importantes manifestações e declarações sobre o tema.

Assim, quando foram divulgadas as fotos de uma sessão fotográfica que fez para a revista Vanity Fair este mês de março, Watson foi muito criticada por causa de uma imagem em que mostra parcialmente os seus seios. Os críticos consideram que a atriz foi hipócrita por se manifestar contra a objetivação e sexualização das mulheres e depois fazer uma sessão artística que faz exatamente isso.

Uma publicação da apresentadora de rádio Julia Hartley-Brewer ajudou a inflamar a discussão. "Feminismo, feminismo... desigualdade salarial entre homens e mulheres... oh, porquê é que não sou levada a sério... feminismo... oh, aqui estão as minhas mamas", escreveu a radialista no Twitter.

Esta segunda-feira, Hartley-Brewer voltou a abordar a situação no seu programa, após ter sido ela própria também muito criticada pelo modo como abordou o tema.

"Eu e vocês conhecemo-la como a Hermione de Harry Potter. Não me consigo recordar de um único outro filme que Emma tenha protagonizado. Sem ofensa, Emma. Mas não tenho. [No entanto], adorei-te no Harry Potter, coisa fantástica".

Julia recorreu à ironia: "se uma fotografia de uma mulher com os seios à mostra numa revista de qualidade como a Vanity Fair é apelidada de arte; mas se for na página 3 do The Sun, é exploração".

Escreve a Marie Claire que as críticas não se limitaram às redes sociais, mas que também fizeram manchete em publicações britânicas como o "The Independent" e o "The Sun".

Numa entrevista que concedeu à BBC enquanto estava a promover o novo filme da Disney "A Bela e o Monstro", Watson disse não perceber o que espoletou toda esta polémica, uma vez que não consegue perceber a relação entre o feminismo e os seus seios.

"Esta situação só revela os equívocos e quão mal-entendido é o feminismo", explica. "O feminismo é dar às mulheres a hipótese de escolher. O feminismo não é um pau que serve para bater noutras mulheres. É algo voltado para a liberdade, para a libertação e para igualdade. Não sei, mesmo, como é que os meus seios podem estar relacionados com o assunto. É muito confuso".

Dan Stevens, que protagoniza com Watson a versão live-action da história de 1991 "A Bela e o Monstro", foi apanhado de surpresa por esta temática na entrevista de promoção do filme. A atriz optou por resumir a polémica da seguinte forma: "Disseram que não posso ser feminista e ter mamas".

À agência Reuters, sobre a foto em questão, disse ter ficado "surpresa com o ensaio" apesar do seu lado "totalmente artístico". No entanto, ficou "radiante" com o resultado final das fotografias.