A ECC, envolvida há quase uma década numa batalha judicial com a gigante alimentar por causa das cápsulas compatíveis com a Nespresso, disse que vai reduzir a produção do formato "não rentável" a quase zero até o fim do ano.
"Estamos a deixar o mercado do formato Nespresso, que é totalmente obsoleto, onde já ninguém ganha dinheiro", explicou o fundador da empresa, Jean-Paul Gaillard, à agência de notícias AFP.
A empresa foi a primeira a desafiar o monopólio da Nestlé neste setor. No auge, eram produzidas 300 milhões de cápsulas anuais deste formato. Agora, pretendem reduzir o número para apenas 10/15 milhões de unidades biodegradáveis "apenas para agradar" aos seus "clientes mais fiéis", disse.
A ECC vai focar-se numa "nova geração" ecologicamente correta e mais flexível de cápsulas que vão "fazer pelo mercado dos cafés aquilo que o iPhone fez pelo de telefones", concluiu.
Gaillard, que fundou a ECC em 2008 — 10 anos depois de ter abandonado o cargo de CEO na Nespresso —, disse que a sua empresa sentiu bastante esta disputa permanente com a Nestlé, assim como também sofreu com os cerca de 100 competidores que seguiram os seus passos.
Em tribunal, a Nestlé já perdeu alguns processos — esta semana um na Alemanha e outro no fim de maio no Escritório Europeu de Patentes — por violar a patente da ECC, ao utilizar uma espécie de "arpão" em algumas das suas máquinas para inutilizar as cápsulas de outros concorrentes.
Gaillard alega que o formato da Nespresso está esgotado e que todos os fabricantes desse mercado estão a padecer desse mesmo efeito. "Até a Nestlé vai começar a perder dinheiro", disse.
Esta ideia, no entanto, é algo que a Nestlé nega veementemente. "Posso garantir que o mercado de cafés em cápsulas é uma categoria dinâmica e em expansão e que temos tido um crescimento sólido e rentável ano após ano", disse a porta-voz da empresa Katherine Graham à AFP por e-mail.
A Nestlé não divulga os dados da Nespresso, mas a agência Bloomberg estima que tenham existido vendas a rondar os 4,5 mil milhões de dólares em 2015.
Comentários