Em “Desenhos sem Fim”, com curadoria de Delfim Sardo e Nuno Faria, visita-se a produção em desenho de Rui Chafes, “um dos mais secretos segmentos de trabalho” do escultor, Prémio Pessoa 2015, uma “luminosa revelação de um imenso e denso universo de fantasmas e formas”, “ainda por conhecer como um todo”, como escreve a Oficina, cooperativa municipal que gere o CIAJG, na apresentação da mostra.

O desenho, refere a cooperativa, “é, na obra de Rui Chafes, o lugar do segredo e do intervalo”, surgindo “normalmente em períodos de pausa, mais ou menos longos, na prática da escultura, e desenvolve-se ao longo de todo o percurso do artista”.

Nesta exposição, o CIAJG permite um olhar retrospetivo sobre uma produção que começou de forma consistente em 1987, e que prossegue até aos dias de hoje, sendo a montra composta por “diferentes formatos, sobre papéis diversos, realizados com materiais tão distintos, ortodoxos ou heterodoxos, quanto a grafite, o guache, o chá, o pó do atelier, o pólen de flores ou remédios vários, tais como o mercurocromo ou a tintura de iodo, feitos com uma linha no limite da visibilidade ou com manchas generosas que se expandem na folha de papel”.

Os desenhos de Rui Chafes “surgem como o resultado de uma sismografia, registando os seres, os lugares, as energias, os momentos de felicidade e de desgosto, os dias de frio e de calor, a memória e o desejo, fazendo emergir o passado à superfície do papel ou antecipando aquilo que está por vir”, aponta a Oficina.

A mostra de Rui Chafes junta-se à “Constelação Cutileiro”, “uma espécie de cartografia celeste” do escultor João Cutileiro, e à exposição de José de Guimarães, “Da Dobra e do Corte – Maquetas e Obras em Cartão”, inauguradas em outubro, e que vão coabitar durante os próximos dois meses, dando corpo ao terceiro e último ciclo expositivo do CIAJG, de 2018.

As exposições deste ciclo, “especificamente produzidas para o espaço do Centro”, respondem ao desafio de “revelar grupos de trabalho inéditos ou menos conhecidos de artistas centrais do panorama artístico em Portugal, contribuindo para elucidar e ampliar o conhecimento dos respetivos percursos”, segundo a Oficina.

Nestas “extensas” mostras dedicadas a estes artistas, explica a cooperativa, lança-se igualmente “um olhar retrospetivo sobre os anos iniciais do trabalho de João Cutileiro, altura em que, entre Londres e Évora, redefiniu a prática da escultura em Portugal”, e “resgata-se do atelier de José de Guimarães um conjunto de pequenas esculturas nunca antes mostradas, que desvelam uma rara prática experimental e processual” do pintor e escultor que dá nome ao centro.

“Desenhos sem Fim”, “Constelação Cutileiro” e “Da dobra e do corte” podem ser visitadas até 10 de fevereiro.