“Estamos perante um excelente romance. Colocando-se no registo de atestação de uma experiência pessoal intensa, Julián Fuks conseguiu alcançar em ‘A Resistência’ o difícil patamar da contenção discursiva no interior daquele arco simultaneamente emocional e intelectual que define as construções literárias mais cativantes”, afirma, na sua declaração, o crítico literário Manuel Frias Martins, um dos membros do júri.
O Prémio José Saramago foi instituído pela Fundação Círculo de Leitores, em 1999, com o objetivo distinguir jovens escritores de língua portuguesa, cuja idade não ultrapasse os 35 anos, quando da publicação da obra.
A obra “A Resistência”, de Fuks, publicada em 2015, recebeu no ano passado, no Brasil, o Prémio Jabuti para o Melhor Romance.
Em “A Resistência”, segundo a Fundação Círculo de Leitores, o autor desenvolve a história de uma família argentina a partir de 1976, quando se deu o golpe de Estado que derrubou a Presidente María Estela Perón, e instaurou o poder ditatorial de uma junta militar, que governou o país até dezembro de 1983.
“‘Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado’, anuncia, logo no início, o narrador deste romance. O leitor descobre-se à partida imerso numa memória pessoal que se revela também social e política”, lê-se na mesma informação à imprensa.
“Do drama de um país, a Argentina a partir do golpe de 1976, desenvolve-se a história de uma família, num retrato denso e emocionante. Adotado por um casal de intelectuais que logo iria procurar exílio no Brasil, o rapaz cresce, ganha irmãos e as relações familiares tornam-se complexas. Cabe então ao irmão mais novo o exame desse passado e, mais importante, a reescrita do próprio enredo familiar”, refere o mesmo comunicado, que remata: “Um livro em que emoção e inteligência andam de mãos dadas, tocando o coração e a cabeça dos leitores”.
Julián Fuks, filho de pais argentinos, nasceu em São Paulo, no Brasil, em 1981.
O autor publicou o primeiro livro, “Fragmentos de Alberto, Ulisses, Carolina e eu”, em 2004, tendo ganhado o Prémio Nascente da Universidade de São Paulo.
Em 2007 e 2012 foi finalista do Prémio Jabuti, com os livros “Histórias de Literatura” e “Cegueira”, respetivamente.
O autor foi também finalista do Prémio Portugal Telecom, atual Oceanos, e do Prémio São Paulo de Literatura, com “Procura do romance”.
A revista Granta apontou-o como um dos vinte melhores jovens escritores brasileiros.
“A Resistência” é o seu quarto romance, com o qual recebeu o Prémio Jabuti Melhor Romance, se classificou entre os finalistas do Prémio Oceanos, no ano passado, e pelo qual recebeu a Menção Honrosa no Prémio Rio de Literatura.
O júri da edição deste ano do Prémio José Saramago foi constituído pela poetisa angolana Ana Paula Tavares, pela professora de Estudos Portugueses da Universidade Nova de Lisboa Paula Cristina Costa, pelo escritor português António Mega Ferreira, pela investigadora Nazaré Gomes dos Santos, da Universidade Autónoma de Lisboa, além de Manuel Frias Martins, crítico literário e ensaísta, doutorado em Teoria da Literatura e vice-presidente da Associação Portuguesa dos Críticos Literários, de Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, e da escritora Nelida Piñon.
O Prémio Saramago é bienal e, nas edições anteriores, distinguiu os escritores Paulo José Miranda, José Luís Peixoto, Adriana Lisboa, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, João Tordo, Andréa del Fuego, Ondjaki e Bruno Viera Amaral.
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